Azul (AZUL4) avança 6% enquanto Brava Energia (BRAV3) despenca mais de 17% — veja o que foi destaque no Ibovespa na semana
Em uma semana movimentada por decisões de política monetária, o Ibovespa (IBOV) reagiu às decisões opostas sobre os juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic em 25 pontos-base, a 10,75% ao ano, dando a largada em um ‘miniciclo’ de elevações nos juros — que deve seguir, pelo menos, até janeiro de 2025 nas contas dos analistas.
No comunicado, o Comitê afirmou que “o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”.
No cenário doméstico, o mercado ainda acompanhou novos dados econômicos.
Entre eles, a arrecadação do governo federal teve alta real de 11,95% em agosto sobre o mesmo mês do ano anterior, somando R$ 201,622 bilhões — o melhor resultado para o mês da série histórica iniciada em 1995, segundo dados da Receita Federal.
No acumulado de janeiro a agosto, a arrecadação foi de R$ 1,731 trilhão, 9,47% acima do registrado nos primeiros oito meses de 2023, já descontada a correção pela inflação. O resultado também representa um recorde para o período.
Por fim, Ibovespa (IBOV) fechou o pregão da última sexta-feira (20) aos 131.065,44pontos e acumulou baixa de 2,84% na semana. A queda foi puxada pela cautela local, com a permanência de juros elevados por mais tempo.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou a semana a R$ 5,5209, com queda de 0,83% nas últimas cinco sessões.
Confira a seguir as maiores altas e quedas do Ibovespa entre 16 a 20 de setembro:
Na ponta positiva do Ibovespa, Azul liderou os ganhos da semana.
No início da semana, a companhia aérea confirmou está em negociações com arrendadores de aeronaves. Entre os termos, está sendo discutida uma substituição da dívida de US$ 580 milhões por participação societária na empresa.
Segundo levantamento da Elos Ayta, a Azul registrou uma valorização de 54,2% em apenas três dias, entre os pregões de 12 e 17 de setembro, após atingir seu menor preço histórico.
Apesar da recuperação vista nos últimos dias, AZUL4 continua 90% abaixo do seu pico histórico de 28 de janeiro de 2020, quando atingiu o valor de R$ 62,41. Ainda, no acumulado do ano, as ações recuam 67%.
Vale lembrar que a companhia entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em agosto.
São Martinho também foi destaque na semana com elevação da recomendação neutra para compra pelo JP Morgan.
Confira as maiores altas do Ibovespa na semana:
CÓDIGO | NOME | VARIAÇÃO SEMANAL |
AZUL4 | Azul PN | 6,26% |
SMTO3 | São Martinho | 3,47% |
PRIO3 | PRIO ON | 2,05% |
BRFS3 | BRF ON | 1,82% |
TIMS3 | Tim ON | 1,79% |
RAIZ4 | Raízen ON | 1,62% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | 1,01% |
VIVT3 | Telefônica Brasil ON | 0,78% |
ABEV3 | Ambev ON | 0,24% |
SBSP3 | Sabesp ON | 0,14% |
Maiores quedas do Ibovespa
Na ponta negativa, Brava Energia liderou as perdas da semana.
Os papéis BRAV3 caíram mais de 10% apenas na sessão da última quinta-feira (19) após a companhia informar ao mercado que a expectativa de retorno da produção do campo de Papa Terra foi atualizada para o início de dezembro de 2024.
Na avaliação de analistas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, a expectativa era de uma retomada mais rápida da operação, o que justifica a reação negativa do mercado.
As ações cíclicas também recuaram com a elevação da taxa Selic e a perspectiva de que os juros brasileiros devem permanecer mais altos por mais tempo.
Confira as quedas do principal índice da bolsa brasileira na semana:
CÓDIGO | NOME | VARIAÇÃO SEMANAL |
BRAV3 | Brava Energia ON | -17,63% |
ASAI3 | Assaí ON | -12,50% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | -10,78% |
VAMO3 | Vamos ON | -10,25% |
COGN3 | Cogna ON | -10,20% |
CVCB3 | CVC ON | -10,10% |
YDUQ3 | Yduqs ON | -8,98% |
EZTC3 | EZTEC ON | -8,68% |
LWSA3 | LWSA ON | -8,59% |
MRVE3 | MRV ON | -7,85% |
Exterior
No exterior, os holofotes do mercado ficaram concentrados na decisão de política monetária.
O Federal Reserve (Fed) cortou os juros para 4,75% a 5,00%. A magnitude da redução foi em linha com a expectativa do mercado, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.
Essa foi a primeira redução desde março de 2020 e marca o início do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.
Junto com o comunicado da decisão, o BC divulgou o gráfico de pontos (“dot plot“), atualizado trimestralmente. Nele, nove diretores veem taxa de juros em 4,40% ao final de 2024 – o que abre uma janela para dois cortes de 0,25 p.p. nas próximas reuniões do Fomc.
Ou seja, o Fed deve trazer a taxa de juros (Fed Funds) ao intervalo de 4,25% a 4,50% até o final do ano, mais do que previram em junho, à medida que a inflação se aproxima da meta de 2% e o desemprego aumenta.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do BC norte-americano, Jerome Powell, disse que as projeções para a trajetória dos corte na taxa básica de juros não implicam em um processo urgente.
Na semana, o S&P 500 avançou 1,3% — a quinta semana consecutiva de ganhos. Dow Jones e Nasdaq subiram 1,5% no acumulado dos últimos cinco pregões.
Além disso, o Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) manteve os juros inalterados em 5,00% ao ano.
O Banco do Japão (BOJ) também manteve a taxa de juros estável. O presidente do BC sinalizou que não há pressa em aumentar ainda mais os custos dos empréstimos.
O que esperar para a próxima semana?
Na próxima semana, o mercado deve seguir concentrado no cenário fiscal.
Na segunda-feira (23) está prevista a coletiva de imprensa sobre o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias do 4º bimestre.
Já na quarta-feira (25), os investidores devem reagir ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial do Brasil. No mesmo dia, o Banco Central divulga as Estatísticas do Mercado Aberto e do Setor Externo.
Já na agenda internacional, a semana também será recheada de dados, como o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) — referência de inflação para o Fed — e a prévia do PIB.