Azul (AZUL4) avalia recuperação judicial nos EUA, diz site; ação já encosta nos centavos

Uma recuperação judicial, conhecida como Chaper 12, está no radar da Azul (AZUL4), companhia que sofre baque após os resultados do primeiro trimestre, segundo o Pipeline.
A ação subia forte na parte da manhã, porém virou para queda por volta das 14h e fechou com recuo de 5%. Com isso, já se aproxima do R$ 1, a R$ 1,14.
De acordo do site, a Azul está sendo assessorada pelos escritórios Davis Polk e Pinheiro Neto para buscar novo funding e reestruturar a dívida com credores e não descarta fazer isso por meio de um processo de recuperação judicial.
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Suas concorrentes, Gol (GOLL4) e Latam, já recorreram ao mecanismo, que protege a companhia de credores.
O site recorda que a companhia encerrou o primeiro trimestre com R$ 655 milhões em caixa, com uma liquidez, incluindo recebíveis, de R$ 2,4 bilhões.
Ao todo, a dívida que vence em 28 de maio é de US$ 10,37 milhões.
Além disso, o Pipeline disse que a companhia espera a aprovação do governo para acessar recursos do Fundo de Garantia à Exportação, que pode chegar a US$ 200 milhões, nas próximas semanas.
Procurada, a Azul informou que “está constantemente avaliando oportunidades para melhorar a liquidez e sua estrutura de capital, sem nunca deixar de honrar seus compromissos e a qualidade dos seus serviços e atendimento aos clientes, respeitando sempre toda legislação vigente.”
Resultados frustrantes da Azul
A Azul reportou lucro líquido de R$ 783,1 milhões, uma reversão do prejuízo de R$ 1,1 bilhão registrado no mesmo período do ano passado.
Para o Goldman Sachs, os números da Azul vieram abaixo das estimativas do banco. Os analistas também mencionaram que as despesas foram significativamente maiores em relação aos trimestres anteriores.
Eles ainda destacaram a queda trimestral da liquidez imediata de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,3 bilhões, um aumento de 15,7% na comparação com o quarto trimestre de 2024, representando cerca de 12% das receitas nos últimos 12 meses.
Empresa vai buscar capital
Em teleconferência após resultados, o diretor financeiro, Alexandre Malfitani, afirmou que a companhia vai buscar mais capital para reforçar sua posição financeira.
“Faria sentido para nós trazer capital adicional, mas vamos encontrar o momento certo para isso”, afirmou em conferência após a divulgação dos resultados de primeiro trimestre da empresa.
Um dos fatores que provocou uma liquidação na bolsa foi, justamente, o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, em mais um avanço no processo de reestruturação financeira.
A operação levantou R$ 1,66 bilhão, com a emissão 464 milhões de novas ações. O novo capital social da companhia aérea passará a ser de R$ 7,13 bilhões.
“Apenas R$ 48 milhões foram subscritos, o que significa que a Azul continuará carregando aproximadamente US$ 100 milhões em dívidas que exigem uma emissão de capital de US$ 200 milhões ou mais para uma nova equitização (troca de dívida por ações)”, ponderam os analistas do Bradesco BBI.
Notícia de recuperação judicial não é de agora
Em agosto de 2024, notícias de que a companhia poderia entrar em recuperação judicial pipocaram.
Como resultado, as ações da Azul chegaram a cair mais de 25% em um único dia, refletindo a preocupação do mercado.
Em resposta, o CEO da Azul, John Rodgerson, negou veementemente que a empresa estivesse considerando a recuperação judicial como opção, afirmando que esse não era o plano da companhia nem de seus parceiros.
Para enfrentar a crise, a Azul optou por uma reestruturação financeira fora do âmbito judicial.
Em outubro de 2024, a empresa anunciou um acordo com mais de 90% de seus credores, incluindo arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos, que envolveu a troca de aproximadamente R$ 3 bilhões em dívidas por ações preferenciais da companhia.