Money Times Entrevista

Azevedo & Travassos Energia (AZTE3): Empresa faz investimentos para ‘recriar’ segmento de óleo e gás do grupo, diz CEO

26 fev 2025, 7:30 - atualizado em 25 fev 2025, 18:42
Azevedo & Travassos Energia
A Azevedo & Travassos Energia estreou na B3 no dia 14 de fevereiro de 2025 (Imagem: Divulgação/Azevedo & Travassos Energia)

Nascida da centenária construtora Azevedo & Travassos, a divisão Azevedo & Travassos Energia (AZTE3) estreou na B3 no dia 14 de fevereiro, mirando a expansão da companhia no setor de óleo & gás.

Ao Money Times, o CEO Ivan Carvalho afirmou que o plano estratégico da empresa engloba um crescimento orgânico por meio de ativos que já existem, com investimento para o aumento da produção, e de forma inorgânica, com a aquisição de campos e realização de parcerias ou consórcios que já atuam no mercado.

Carvalho recorda a história da construtora, que abriu seu capital em 1984, mirando já naquela época a criação da Azevedo & Travassos Petróleo e contratos de exploração de produção com a Petrobras — o que se concretizou.

“Tivemos um sucesso econômico e técnico muito importante na época. Descobrimos quatro campos no Rio Grande do Norte, na Bacia de Potiguar, e houve um trabalho de produção de óleo, investimento em instalações, de armazenamento e transporte de gás e óleo”.

Com isso, a construtora adquiriu experiência em prestação de serviços para o setor por meio da divisão Azevedo & Travassos Petróleo. A empresa vendeu esses ativos para uma empresa canadense e a produção de óleo e gás ficou de lado, pelo menos até chegar 2023.

O atual CEO conta que a nova administração da construtora optou por utilizar o conhecimento e histórico no setor do petróleo para recriar a Azevedo & Travassos Petróleo, de olho em mudanças de cenário e potencial estratégia.

No radar da companhia, entraram nomes pequenos que produzem óleo e possuem concessões, mas que precisam de capital e tecnologia. “É uma oportunidade para criar a empresar e negociar a compra desses ativos ou de empresas, via parcerias ou joint ventures”, coloca.

Além disso, as chamadas junior oils passaram a se concentrar nos ativos que são mais significativos para seus negócios, o que abriu oportunidades de aquisições. Foi aí que o retorno da Azevedo & Travassos Energia e Azevedo & Travassos Petróleo encontraram seus espaços.

Atuação da Azevedo & Travassos Energia e Petróleo

Ivan Carvalho coloca que a Azevedo & Travassos S.A (holding controladora da Azevedo & Travassos Petróleo) está investindo mais em concessões e contratos de serviços, enquanto a Energia se concentra justamente na área energética de exploração e produção de petróleo.

“Nós pretendemos, dentro do orçamento dos próximos 24 meses, direcionar cerca de dois terços do capital para novas aquisições e um terço para investir nos ativos que já são da empresa, para retomar uma produção compatível com o tamanho do que já temos”.

Segundo eles, muitos desses ativos estão parados. A companhia vê uma porta aberta diante de si neste cenário. “É uma oportunidade de colocarmos o capital certo para alavancar essa produção e atingir um patamar estável”, diz.

Hoje, a companhia está focada na produção onshore (ou seja, em terra firme) e o CEO afirma que o foco é se consolidar, antes de uma eventual expansão, nesse ambiente de negócios.

Negócios com a Brava Energia

Neste mês, a Brava Energia (BRAV3) anunciou a assinatura de contrato para a venda de 11 concessões de óleo e gás onshore localizadas na Bacia Potiguar para o consórcio formado pela Azevedo e Travassos Petróleo e Petro-Victory Energy.

O valor total da transação é de US$ 15 milhões (cerca de R$ 87,1 milhões na cotação atual), sendo US$ 600 mil desembolsados na assinatura do contrato, US$ 2,9 milhões a serem pagos no fechamento da transação e US$ 8 milhões a serem pagos em duas parcelas que vencem 12 e 24 meses após o fechamento da transação.

As concessões envolvidas na transação registram uma produção média diária de aproximadamente 250 barris de óleo equivalente em 2024.

Na visão do CEO da Azevedo & Travassos Energia, os ativos adquiridos contam com um grande potencial de crescimento. Na avaliação da empresa, estas concessões não recebem o investimento adequado desde quando foram vendidos pela Petrobras em 2015.

Ao serem adquiridos pela Brava, o executivo reconhece que houve uma organização e investimentos na manutenção, mas não em crescimento.

“Esses ativos que foram vendidos estão produzindo, mas nós acreditamos que bem aquém da capacidade. Existe uma reserva de óleo bastante significativa”, coloca.

A estimativa da companhia é que a produção chegue a 1.000 barris de óleo por dia até meados de 2026. O CEO considera que os ativos estão em período de transição e que o início de fato da operação ocorrerá quando todas as condições estiverem cumpridas.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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