Agronegócio

Aviões cheios de suínos chegam à China para reconstruir o maior rebanho do mundo

02 abr 2020, 16:32 - atualizado em 02 abr 2020, 18:18
Porcos-China-Suínos
A China importa matrizes de suíno para aproveitar as características específicas, como a maior produtividade e a melhor qualidade da carne (Imagem: REUTERS/Stringer)

Seis aviões carregando mais de 4 mil porcas matrizes de alta qualidade da França chegaram à China neste ano, sendo os primeiros de dezenas de aviões cheios de animais que devem aterrissar no país asiático, à medida que o maior produtor de carne suína do mundo reconstrói seu recém dizimado cartel.

A China está acelerando as importações dos animais conforme corre para reabastecer o mercado, depois de um surto de peste suína africana assolar o país a partir do final de 2018, matando dezenas de milhões de porcos e reduzindo as criações em até 60%.

A alta nos preços da carne suína e o esforço do governo para reconstruir o cartel levaram produtores que haviam parado de comprar a retomar pedidos, chegando a dobrar alguns contratos que foram assinados antes de a doença se manifestar. Cada carregamento é avaliado em até 1,5 milhão de euros (1,6 milhão de dólares).

“É como após a Segunda Guerra Mundial. Eles perderam metade do rebanho e precisam repovoar rapidamente para recuperá-lo”, disse Marie Pushparajalingam, estrategista global da empresa francesa de genética suína Axiom.

A China importa matrizes de suíno para aproveitar as características específicas, como a maior produtividade e a melhor qualidade da carne, que são selecionadas pelas empresas internacionais de genética durante a criação.

Uma porca matriz de grande qualidade pode gerar uma vara de até 16 leitões.

A Axiom enviou dois carregamentos de Boeings 777 para a China em janeiro, seguidos por mais duas cargas de 747 no mês passado, totalizando cerca de 3.400 porcos. A empresa já assinou acordos para enviar mais seis aviões com animais ainda neste ano, disse Pushparajalingam, e espera que novos negócios ocorram.

Outros 500 animais criados pela holandesa Topigs Norsvin chegaram à província de Guizhou na semana passada, provenientes da França, de acordo com o grupo chinês Dekang, que vai utilizar os animais em uma criação na qual pretende produzir 20 milhões de porcos para abate.

As aquisições apenas junto à França neste ano devem superar a marca de 11 mil suínos. O volume é maior do que o total importado pela China de todos os países em 2017, pré-peste suína.

No total, a China deve precisar de mais de 150 aviões lotados de porcos para reconstruir sua vara, segundo estimativas de uma empresa de genética.

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