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Aversão ao risco domina mercados; no Brasil, destaques são balanços, pós-Copom e vendas no varejo

09 maio 2019, 9:14 - atualizado em 09 maio 2019, 9:14
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Trump escalou o tom horas depois de ter acusado os chineses de terem dado para trás no acordo (Imagem: Pixabay)

Por TradersClub

O apetite por risco está de novo em queda livre, e a fonte dos temores foi, mais uma vez, uma declaração claramente eleitoreira do presidente americano Donald Trump. Ele afirmou ontem, ante uma plateia de apoiadores no estado da Flórida, que a China quebrou os compromissos assumidos ao longo de cinco meses de trégua comercial e que “irá pagar por isso.”

Trump escalou o tom horas depois de ter acusado os chineses de terem dado para trás no acordo – cujo texto-base estava a ponto de ser avalizado pelas partes esta semana – por interesse em negociar com o Partido Democrata. Os Estados Unidos elegem um novo presidente no ano que vem.

O movimento de aversão a risco de hoje envolve recuos nas bolsas asiáticas e europeias, assim como nos futuros dos índices acionários americanos, perdas nos preços das commodities de energia e metálicas, um avanço do ouro, do preço dos títulos de dívida dos países mais ricos, do dólar americano e, consequentemente, mais saída dos investidores de ativos em países emergentes. O investidor precisa ficar atento à visita do vice-premiê da China, Liu He, a Washington para recolocar o acordo comercial nos trilhos, assim como o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Na esteira dessa estratégia, Bolsonaro deve se reunir com governadores dos estados do Nordeste brasileiro hoje (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

No Brasil, o noticiário em torno da reforma da Previdência e da articulação política do governo do presidente Jair Bolsonaro continua mostrando sinais de progresso, o que contribuiu para que o mercado local tivesse desempenho superior ao do global no pregão da véspera. O investidor gostou da iniciativa de Bolsonaro de sinalizar que negociará, dentro de certos limites: as chances dela ser aprovada dentro do calendário esperado e sensivelmente menos desidratada estão crescendo.

Na esteira dessa estratégia, Bolsonaro deve se reunir com governadores dos estados do Nordeste brasileiro hoje. Isso não quer dizer que não haverá contratempos: tanto a oposição como os partidos que conformam o Centrão vão sempre estar na busca de oportunidades para demorar ou sabotar a agenda legislativa do governo.

Assim, fique de olho em sinais relacionados a algum derretimento do projeto de segurança do ministro da Justiça, Sérgio Moro, por exemplo. Com o governo focado quase que exclusivamente na Previdência, algumas outras iniciativas sofrem: ontem as ações da Oi despencaram, em parte com temores de demoras na aprovação do novo marco regulatório para o setor das telecomunicações.

Mais de duas dúzias de companhias divulgam balanços do primeiro trimestre nesta quinta-feira. Agora de manhã, o Banco do Brasil e a Telefônica Brasil/Vivo mostraram números que bateram o consenso, em mais uma prova de que o foco em eficiência operacional pode impermeabilizar as empresas do impacto de uma retomada econômica lenta ou do clima de incerteza reinante no país.

Veja aqui os resultados do 1º trimestre

Entre os indicadores, os dados das vendas no varejo de março devem trazer ainda mais evidência da fraqueza da atividade, precisamente após a decisão da taxa de juros do Banco Central que, mesmo reafirmando que a política monetária será conduzida com paciência e perseverança e que o quadro atual não deixa espaço para mudanças no viés, trouxe uma mensagem levemente mais dócil. Não perca de vista os dados de pedidos de seguro-desemprego, do índice preços ao produtor e de balança comercial nos EUA.

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