Mercados

Avanço político em Brasília e expectativa de corte de juros nos EUA impulsionam Ibovespa na semana

07 jun 2019, 18:32 - atualizado em 07 jun 2019, 18:32
O Ibovespa subiu na sessão desta sexta-feira, com alta de 0,63% a 97.821,26 pontos

Por Investing.com 

A criação de postos de trabalho nos EUA abaixo do esperado renovou a expectativa dos investidores em relação a um afrouxamento monetário a ser conduzido em breve pelo Fed. O otimismo impulsionou o apetite ao risco e o sentimento bullish nas principais bolsas mundiais, propiciado também com alívio retórico na disputa comercial entre EUA e México.

Os investidores locais não ficaram de fora. Além do bom humor externo, a cena local teve contribuição da decisão de ontem do STF relacionada a não obrigação de consulta prévia ao Congresso na venda de ativos de estatais, como também da aprovação de pautas importantes no Legislativo, como o novo marco regulatório do Saneamento Básico e as novas regras de combate à fraude previdenciária.

Ibovespa subiu na sessão desta sexta-feira, com alta de 0,63% a 97.821,26 pontos, acumulando ganhos de 0,82% na semana. O volume financeiro movimentado no dia foi de R$ 11,8 bilhões, com 62,12% das ações encerrando no positivo. O pregão também foi impulsionado com nova expectativa de corte de juros pelo Banco Central brasileiro, devido ao índice oficial de inflação – IPCA – desacelerar para 0,13% em maio, abaixo das expectativas do mercado.

A maior alta foi da Estácio (ESTC3), subindo 7,44% a R$ 29,45, sob influência da declaração do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que falou que a educação superior privada é prioridade ao governo de Jair Bolsonaro em evento do setor em São Paulo. Já o destaque negativo ficou com a BRF (BRFS3), com baixa de 4,56% a R$ 26,16.

O principal índice acionário brasileiro seguiu o apetite ao risco no exterior, que beneficia economias emergentes. O índice iShares MSCI dos Mercados Emergentes, ETF negociado em Nova York, fechou em alta de 0,78%.

dólar ficou estável na sexta-feira, mas acumulou perdas ao longo da semana, a terceira seguida. A moeda americana caiu hoje apenas 0,13% a R$ 3,8775, com baixa acumulada de 1,2%, afastando-se da barreira simbólica dos R$ 4,00 e se aproximando da cotação de acordo com os fundamentos da economia brasileira, conforme avaliações diárias de Sidnei Nehme no Investing.com Brasil.

A moeda americana também perdeu valor ao redor do mundo conforme cresce expectativas de corte de juros pelo Fed. O índice dólar, que mensura o valor do dólar em relação a média ponderada de uma cesta de seis divisas, caiu 0,47% a 96,59, se distanciando da máxima de 98 atingido durante o auge da escalada da disputa comercial entre EUA e China.

Mercado americano

Os principais índices em Wall Street fecharam acima do 1% nesta sexta-feira, todos com ganhos acumulados durante a semana. Dow Jones subiu 1,02% no dia e 4,71% na semana, enquanto S&P 500 teve ganhos de 1,05% no dia e 4,41% na semana.

Já o índice de tecnologia Nasdaq se recuperou da baixa de segunda-feira, após o governo americano iniciar investigações antitruste contra principais empresas de tecnologia. A Nasdaq subiu 1,66% na sexta e 3,88% na semana.

O bom humor no mercado acionário americano se deve às declarações de diretores do Fed sobre a possibilidade de afrouxamento monetário conduzido pela instituição em breve. O chairman Jerome Powell indicou, na terça-feira, indicou a disposição de “agir de forma apropriada para sustentar a expansão da economia”.

A possibilidade de corte de juros foi renovada na sexta-feira com a divulgação do famoso Payroll, que mostra a saúde do mercado de trabalho dos EUA. Os dados vieram abaixo da expectativa de criação de 185 mil vagas de emprego não-agrícolas em maio. Foram criadas, na verdade, 75 mil postos de trabalho, abaixo dos 100 mil necessários para acomodar o crescimento da População em Idade Ativa.

De acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed de Investing.com, a possibilidade de ao menos um corte da atual taxa entre 2,25-2,5% na reunião de julho do Fed subiu para 85,88%. A probabilidade de três cortes precificados para encontro de dezembro está em 54,6%, com a taxa ficando entre 1,50-175%.

A intensificação da guerra comercial trouxe preocupações em relação à recessão da economia americana, que foram renovadas com Payroll. Assim, aumentou-se a demanda por títulos do Tesouro americano, levando a inversão da curva de juros nos EUA, que continuou nesta sexta-feira, mesmo com a queda no rendimento dos títulos de quase todos os prazos. Os ganhos do título caíram para 2,084%, enquanto os de 3 meses também caíram, para 2,277%. A inversão da curva de juros é tradicionalmente avaliada como sinal de recessão em breve na economia americana.

EUA-México

O presidente dos EUA informou no Twitter que um acordo migratório e comercial estava prestes a ser fechado com o México, embora ainda não fosse suficiente para adiar ou cancelar o aumento de 5% na tarifa de importação sobre produtos mexicanos. A declaração de Trump também beneficiou o mercado financeiro na sexta-feira.

O governo mexicano, segundo a imprensa americana, prometeu a mobilização de 6 mil guardas nacionais na fronteira com a Guatemala, impedindo a travessia de imigrantes da América Central pelo país até os EUA. Houve na quinta-feira a detenção de 350 imigrantes vindo da Guatemala, além de bloqueio de contas bancárias de 26 pessoas suspeitas de ligação com tráfico de pessoas e a prisão de 2 ativistas defensores dos direitos dos imigrantes.

Petróleo
(Imagem: Pixabay)

Petróleo

O mantra dos cortes de produção está de volta, com a Arábia Saudita produzindo mais 2% de recuperação do preço do petróleo na sexta-feira ao falar dos planos da Opep de estender os cortes de produção até o final do ano.

WTI subiu US$ 1,60, ou 3,02% a US$ 53,75 por barril às 16:40, ampliando o salto surpresa de 1,7% no fim da sessão de quinta-feira. O Brent, a referência global do petróleo negociada no Reino Unido, subiu US$ 1,74, ou 2,82%, para US $ 63,41 o barril. Brent também ganhou 1,7% na sessão anterior.

Foi uma semana volátil para o petróleo, com o WTI a terminar a semana em alta de 1,16%, enquanto o Brent subiu 1,72%.

O WTI caiu para US$ 50,62 na quarta-feira, enquanto seu par britânico bateu recuo de cinco meses de US$ 59,45 sobre preocupações com uma recessão global das guerras comerciais da administração Trump com a China e o México.

Mas uma manchete da Bloomberg na quinta-feira afirma que os EUA estão considerando adiar a primeira tarifa de 5% sobre as importações mexicanas que seriam válidas a partir de segunda-feira, que provocou retorno nos preços do WTI e do Brent.

Mas, a demanda pelo petróleo dos EUA tem sido sombria ultimamente. Os estoques de petróleo bruto saltaram quase 7 milhões de barris na semana passada, contra um aumento esperado de 850.000, informou a Administração de Informações sobre Energia dos EUA na quarta-feira.

Já os estoques de gasolina aumentaram em 3,21 milhões de barris na semana passada, em comparação com as expectativas de um ganho de apenas 630.000 barris, disse a EIA. Enquanto isso, os estoques de destilados aumentaram em 4,57 milhões de barris, contra uma projeção para 500.000.

Ações

– PETROBRAS PN (PETR4) subiu 1,83% e PETROBRAS ON (PETR3) valorizou-se 2,72% após o ministro do STF Edson Fachin liberar a venda da Transportadora Associada de Gás (TAG), da companhia, a um consórcio integrado pela elétrica francesa Engie (EGIE3), pouco após decisão do plenário da corte sobre alienação do controle acionário de subsidiárias de estatais. O avanço do petróleo no exterior endossou a alta dos papéis.

BANCO DO BRASIL (BBAS3) fechou em queda de 0,81%, enfraquecido por preocupações sobre o setor bancário com uma eventual recuperação judicial pelo conglomerado Odebrecht. A Moody’s disse que o fracasso da venda da participação na Braskem (BRKM5) pode impactar credores da Odebrecht, incluindo o banco estatal. No setor, contudo, ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) subiu 1,07% e BRADESCO PN (BBDC4) avançou 0,03%.

BRMALLS subiu 4,29%, em sessão positiva para ações de empresas de shopping centers, com IGUATEMI em alta de 2,06% e MULTIPLAN valorizando-se 3,53%. Em nota a clientes, a analista Bruna Pezzin, da XP Investimentos, afirmou que, apesar dos desafios de curto prazo, mantém visão otimista para o setor e acredita que essas três empresas se beneficiarão de recuperação econômica potencialmente mais acentuada a partir do segundo semestre.

ALIANSCE fechou com elevação de 7,16%, após a administradora de shopping centers anunciar na véspera que assinou um acordo por meio do qual será incorporada pela Sonae SIERRA BRASIL, que recuou 3,51%. O Bradesco BBI classificou a união como um “casamento feliz” e elevou o preço-alvo da ação da Aliansce (ALSC3).

CYRELA avançou 4,04%, tendo também de pano de fundo relatório do Itaú BBA, em que os analistas elevaram o preço-alvo de 16,60 para 19,70 reais, reiterando recomendação ‘market perform’. Na véspera, a construtora e incorporadora disse que seu diretor de relações com investidores, Paulo Gonçalves, renunciou e que Miguel Mickelberg acumulará cargos de diretor financeiro e de RI.

VALE (VALE3) fechou em baixa de 0,29%, em sessão com feriado na China, descolada da alta em papéis de mineradoras no mercado europeu.

HYPERA cedeu 3,18%, com o papel pressionado após notícias de que a Procuradoria-Geral da República pediu nesta semana o cancelamento do acordo de delação premiada do ex-diretor da companhia Nelson Mello na operação “Lava Jato”.

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