Avanço em exportação de café do Brasil 22/23 depende de logística; Cecafé vê queda em 21/22
O Brasil exportou 39,589 milhões de sacas de 60 quilos de café na safra 2021/22 encerrada em junho, queda de 13,3% ante período anterior, e uma recuperação nos embarques do novo ciclo, de bienalidade positiva, dependerá das condições logísticas, disse o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A receita da última temporada, por sua vez, registrou recorde de 8,117 bilhões de dólares na safra, alta de 38,7%, com reflexo do câmbio e elevados preços internacionais, informou a entidade nesta quarta-feira.
Com base em relatos dos associados, o presidente da Cecafé, Günter Häusler, afirmou que a qualidade do café que colhido na temporada 2022/23 está muito boa, devido a condições climáticas favoráveis. Assim, a nova safra pode ficar aquém da máxima histórica de 2020, mas deve render volumes superiores aos do ciclo anterior, que foi de baixa produtividade.
“Pelo volume estimado pela Conab, teoricamente, o volume seria melhor… O preocupante para nós é a questão da pandemia afetando a logística. Se esse cenário não impactar, teremos café para embarcar”, disse a jornalistas o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.
Ele afirmou que, de acordo com as sinalizações das agências de navegação, a normalização das condições logísticas para embarque está prevista para meados do segundo semestre de 2023.
Até lá, o setor busca opções que tragam alguma melhora na circulação de cargas, o que permitiu avanço nas vendas externas de café brasileiro em junho, por exemplo.
No mês passado, o Brasil exportou 3,144 milhões de sacas, volume 2,1% maior do que no mesmo mês de 2021. Em receita, o incremento chegou a 69,9%, 733,8 milhões de dólares.
Balanço
Considerando apenas o café verde, o país reduziu os embarques em 14,9% na safra 2021/22, a 35,49 milhões de sacas, queda de 11% dos negócios da variedade arábica, para 32,89 milhões de sacas, enquanto as exportações de robusta baixaram 45%, para 2,6 milhões de sacas.
“Apesar da queda em volume na comparação com a temporada 2020/21, de colheita recorde no Brasil, os embarques de julho de 2021 a junho de 2022 estão dentro da média das últimas cinco safras, de 39,48 milhões de sacas”, disse Häusler.
Ele ressaltou que, diante de uma safra com oferta reduzida e de todos os gargalos logísticos, com altos custos de frete, cancelamentos de bookings, rolagens de cargas e menor disponibilidade de contêineres e espaço nas embarcações, o desempenho de 2021/22 é positivo.
Nesta temporada, os Estados Unidos foram os principais importadores do café brasileiro, comprando 7,936 milhões de sacas, volume 4,8% inferior comprados de julho de 2020 a junho de 2021. Esse montante correspondeu a 20% das exportações totais do Brasil na safra encerrada.
A entidade destacou o desempenho dos embarques para a Colômbia, terceiro maior produtor mundial de café, que importou 1,247 milhão de sacas do Brasil e ocupou o sexto lugar no ranking dos principais parceiros.
A sexta posição era da Rússia, que caiu para nona colocação após o início da guerra com a Ucrânia. O país do Leste Europeu adquiriu 950.860 sacas, queda de 20,3%.
“A Rússia é um mercado consolidado, importa do Brasil mais de 1 milhão de sacas (normalmente), acreditamos que vai se recuperar… após o término da guerra, a Rússia deve voltar ao patamar que tinha anteriormente”, avaliou Heron.
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