Eleições 2022

Auxílio Brasil: Jogada de mestre ou tiro no pé de Bolsonaro?

19 out 2022, 14:17 - atualizado em 19 out 2022, 14:17
Jair Bolsonaro
(Imagem: Flickr/Alan Santos/PR)

Lançado a pouco menos de um ano, o Auxílio Brasil já atende 21,1 milhões de famílias. E, desde o primeiro turno das eleições, vem sendo usado pelo presidente Jair Bolsonaro como uma forma de conquistar mais eleitores de baixa renda.

Nas últimas duas semanas, o governo anunciou o adiantamento do pagamento de outubro e ainda incluiu 500 mil novas famílias no benefício. Além disso, a Caixa Econômica também lançou um crédito consignado atrelado ao Auxílio Brasil – foi liberado R$ 1,8 bilhão em empréstimos a 700 mil beneficiários. Outros 11 bancos também estão liberados para oferecer o produto.

No entanto, os beneficiários vêm enfrentando problemas envolvendo o programa social, o que pode dificultar a vida de Bolsonaro nas urnas. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), por exemplo, identificou mais de 2 mil reclamações sobre ofertas abusivas de crédito consignado do Auxílio Brasil.

Entre as queixas, estão desde venda casada com seguro até assédio de bancos, com ligações para ofertar o consignado. Também foram identificados problemas no prazo para a liberação do dinheiro e pedidos negados sem explicação.

Além disso, o Ministério Público também encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) um pedido para impedir que o crédito consignado seja usado como medida eleitoreira.

“O ritmo acelerado com que a Caixa Econômica Federal vem liberando o crédito – havendo alcançado já o assombroso montante de R$ 1,8 bilhão em apenas três dias – impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade”, escreveu o MP.

O TCU tem cinco dias para responder se proíbe ou não o consignado e o crédito pode ser bloqueado às vésperas das eleições, que acontecem no dia 30 de outubro.

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Intenções de votos

O ganho de votos para a campanha de Bolsonaro entre a população que recebe o Auxílio Brasil não mudou muito nas últimas semanas.

De acordo com a última pesquisa da Genial/Quaest, 35% dos eleitores com renda de até 2 salários mínimos têm intenção de votar no atual presidente – apenas 1 ponto percentual acima do registrado em 6 de outubro, logo após o primeiro turno.

Lula é quem lidera entre essa população. Na pesquisa PoderData, 56% pretendem votar no ex-presidente. Já no levantamento da CNT/MDA, este número chega a 58%.

Vale lembrar que recebem o Auxílio Brasil as famílias em situação de extrema pobreza, que possuem renda familiar mensal per capita de até R$ 105, e as em situação de pobreza com renda familiar mensal per capita entre R$ 105,01 e R$ 210.

Risco fiscal

O problema é que as medidas populistas envolvendo o Auxílio Brasil aumentam a pressão fiscal que o próximo governo vai herdar – independentemente de quem for eleito.

Entre criação de novos projetos, reformulação, adiantamentos e promessas para 2023, o governo deve mobilizar, pelo menos, R$ 178 bilhões dos cofres públicos.

De acordo com a agência de classificação de risco Moody’s Investors Service, a incerteza sobre as políticas públicas pode prejudicar as perspectivas econômicas e financeiras do país para o ano que vem.

“Independentemente do resultado da eleição, a política monetária contracionista, combinada com um crescimento moderado no próximo ano, pode enfraquecer a capacidade de pagamento e agravar a dinâmica da dívida do Brasil”, diz o relatório.

Para a agência, o compromisso do próximo governo com o teto de gastos e uma política fiscal prudente será um fator-chave que influenciará a força fiscal.

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