Autoridades do BCE viam aumento de juros mais próximo na reunião de fevereiro, mostra ata
As autoridades do Banco Central Europeu, que se reuniram no mês passado, concordaram que seu primeiro aumento de juros em mais de uma década estava se aproximando, já que a inflação mostrava sinais de persistir, mostrou a ata de seu encontro de 3 de fevereiro nesta quinta-feira.
Com as pressões de preços crescendo mais rápido do que o esperado, a presidente do BCE, Christine Lagarde, voltou atrás em uma promessa de não aumentar os custos dos empréstimos neste ano na reunião.
Embora tal medida ainda seja possível, a invasão da Ucrânia pela Rússia abalou os planos do BCE, e as autoridades agora parecem estar profundamente divididas sobre o curso apropriado da política monetária.
“Foi amplamente compartilhada a visão de que a convergência para a meta de inflação de médio prazo do BCE não era mais uma perspectiva distante, tornando assim o cumprimento dos critérios da orientação futura mais provável num período de tempo mais curto”, disse o BCE na ata da reunião.
O dilema do banco é claro.
A inflação disparou para um pico recorde de 5,8% no mês passado, taxa de quase três vezes sua meta, e deve avançar muito mais nos próximos meses, à medida que os preços do petróleo e do gás saltam.
Mas os altos custos de energia vão minar o poder de compra do consumidor e pesar sobre o investimento, prejudicando o crescimento e, no fim das contas, pesando sobre os preços no médio prazo, um horizonte de tempo mais relevante para a política monetária do BCE.
A guerra também está criando incerteza no mercado financeiro e um aperto na política monetária pode aumentar a volatilidade.
Ainda assim, mesmo que não seja em sua próxima reunião, em 10 de março, o BCE provavelmente reduzirá o suporte, já que o aumento do núcleo dos preços também está acelerando, sugerindo que a inflação provavelmente será mais duradoura do que se pensava apenas algumas semanas atrás.
Depois de ultrapassar sua meta de inflação em 2021 e a caminho de fazê-lo outra vez em 2022, o BCE estará sob maior pressão para conter o crescimento dos preços se as projeções para o próximo ano também começarem a indicar uma inflação elevada.