Bancos

Autoridades do BCE viam aumento de juros mais próximo na reunião de fevereiro, mostra ata

03 mar 2022, 10:35 - atualizado em 03 mar 2022, 10:35
Com as pressões de preços crescendo mais rápido do que o esperado, a presidente do BCE, Christine Lagarde, voltou atrás em uma promessa de não aumentar os custos dos empréstimos neste ano na reunião (Imagem: Flickr/BCE)

As autoridades do Banco Central Europeu, que se reuniram no mês passado, concordaram que seu primeiro aumento de juros em mais de uma década estava se aproximando, já que a inflação mostrava sinais de persistir, mostrou a ata de seu encontro de 3 de fevereiro nesta quinta-feira.

Com as pressões de preços crescendo mais rápido do que o esperado, a presidente do BCE, Christine Lagarde, voltou atrás em uma promessa de não aumentar os custos dos empréstimos neste ano na reunião.

Embora tal medida ainda seja possível, a invasão da Ucrânia pela Rússia abalou os planos do BCE, e as autoridades agora parecem estar profundamente divididas sobre o curso apropriado da política monetária.

“Foi amplamente compartilhada a visão de que a convergência para a meta de inflação de médio prazo do BCE não era mais uma perspectiva distante, tornando assim o cumprimento dos critérios da orientação futura mais provável num período de tempo mais curto”, disse o BCE na ata da reunião.

O dilema do banco é claro.

A inflação disparou para um pico recorde de 5,8% no mês passado, taxa de quase três vezes sua meta, e deve avançar muito mais nos próximos meses, à medida que os preços do petróleo e do gás saltam.

Mas os altos custos de energia vão minar o poder de compra do consumidor e pesar sobre o investimento, prejudicando o crescimento e, no fim das contas, pesando sobre os preços no médio prazo, um horizonte de tempo mais relevante para a política monetária do BCE.

A guerra também está criando incerteza no mercado financeiro e um aperto na política monetária pode aumentar a volatilidade.

Ainda assim, mesmo que não seja em sua próxima reunião, em 10 de março, o BCE provavelmente reduzirá o suporte, já que o aumento do núcleo dos preços também está acelerando, sugerindo que a inflação provavelmente será mais duradoura do que se pensava apenas algumas semanas atrás.

Depois de ultrapassar sua meta de inflação em 2021 e a caminho de fazê-lo outra vez em 2022, o BCE estará sob maior pressão para conter o crescimento dos preços se as projeções para o próximo ano também começarem a indicar uma inflação elevada.

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