Commodities

Autoridades chinesas ampliam volatilidade do minério de ferro

18 jun 2021, 14:04 - atualizado em 18 jun 2021, 14:06
Minério de Ferro
Em uma sequência de grandes oscilações, o minério que abastece a gigantesca indústria siderúrgica da China bateu recorde, recuou para território negativo e voltou para o lado oposto em apenas um mês (Imagem: Pixabay/Giglio_di_mar)

O minério de ferro, uma das commodities de melhor desempenho no início da onda de valorização das matérias-primas, se tornou um dos produtos mais voláteis da categoria, no embate entre visões opostas sobre a trajetória dos preços.

Em uma sequência de grandes oscilações, o minério que abastece a gigantesca indústria siderúrgica da China bateu recorde, recuou para território negativo e voltou para o lado oposto em apenas um mês.

Os altos e baixos dos últimos 30 dias fizeram do minério a mais volátil entre as mais de 20 commodities mais negociadas no mundo.

A cotação é empurrada em grande parte pela confusão sobre como medidas governamentais vão afetar a demanda das siderúrgicas na China.

A China quer cortar a produção de aço, mas controlar os preços, além de reduzir o investimento, mas manter o nível de emprego, disse o analista Tomas Gutierrez, da Kallanish Commodities. “À medida que a política governamental muda para estabelecer o equilíbrio desejado entre esses objetivos, as perspectivas para o aço melhoram ou pioram”, disse ele.

A economia chinesa se recuperou após o tombo da pandemia, graças a estímulo fiscal e flexibilização monetária. Com isso, foram produzidas enormes quantidades de aço para alimentar a expansão dos setores imobiliário e de infraestrutura. E assim, o preço do minério de ferro mais que dobrou no ano passado.

Agora, o esforço é para conter a pressão inflacionária que foi gerada — ou seja, aperto do crédito e moderação nos gastos na construção civil.

A este quadro se somam os esforços de Pequim para desenhar uma trajetória na direção de uma economia neutra em carbono, conforme promessa feita pelo presidente Xi Jinping no ano passado.

Isso acarretaria diminuição na produção de aço, responsável por 17% das emissões chinesas de carbono, de acordo com o Goldman Sachs Group. Autoridades vão passar o próximo mês viajando pelo país para avaliar reduções de capacidade.

Xi Jinping
A este quadro se somam os esforços de Pequim para desenhar uma trajetória na direção de uma economia neutra em carbono, conforme promessa feita pelo presidente Xi Jinping no ano passado (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

As apostas sobre os efeitos dessas políticas causaram solavancos no mercado de minério de ferro, que normalmente acompanha os movimentos dos preços de aço.

O contrato futuro de referência em Cingapura bateu recorde, em US$ 233,75 por tonelada, em 12 de maio. Duas semanas depois, recuou para US$ 170,50 — ainda mais que o dobro da média apurada desde o início das negociações, em 2013.

Enquanto isso, a produção pelas siderúrgicas da China continua a todo vapor, batendo recorde em maio e somando 473 milhões de toneladas no ano.

Neste ritmo, será ultrapassada a marca de 1,05 bilhão de toneladas do ano passado, que as autoridades garantiram que seria o patamar máximo porque a China tenta reduzir as emissões nesse setor altamente poluente.

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