Aumenta tensão entre Emirados Árabes Unidos e Opep+ sobre cotas
A tensão aumenta entre os Emirados Árabes Unidos e aliados na Opep+. Nos bastidores, autoridades questionam os benefícios de fazer parte da aliança dos produtores de petróleo e até avaliam se devem deixá-la.
Os Emirados Árabes Unidos não disseram publicamente que questionam sua participação, muito menos que planejam sair. E autoridades falaram com a mídia sob a condição de não serem identificadas, dando margem de manobra caso queiram se distanciar dos comentários posteriormente.
A postura é atípica, porque os Emirados Árabes Unidos – o maior produtor da Opep depois da Arábia Saudita e do Iraque – há muito tempo evitam confrontos públicos, preferindo resolver as disputas discretamente, a portas fechadas.
Não está claro se o alerta tem como objetivo forçar uma negociação sobre os níveis de produção com os líderes da Opep+, a Arábia Saudita e a Rússia, ou se representa um debate político genuíno. Qualquer decisão de deixar a Opep necessitaria da aprovação de Mohammed bin Zayed, que de fato comanda os Emirados Árabes Unidos, e do príncipe herdeiro de Abu Dhabi.
A tensão entre o governo de Riad e Abu Dhabi cresceu nos últimos meses, quando os Emirados Árabes Unidos violaram sua cota na Opep+ e receberam uma séria advertência de seu vizinho. Autoridades dos Emirados parecem cada vez mais frustradas com o que consideram uma alocação injusta dos limites de produção e como a economia dos Emirados Árabes Unidos sofre com a receita decrescente do petróleo e com a pandemia de coronavírus.
O debate chega em um momento delicado para a Opep+, que recuperou os preços do petróleo com um acordo histórico para cortar a oferta e compensar o impacto da pandemia na demanda. Qualquer sinal de rachaduras na aliança – ainda mais de um produtor tão grande quanto os Emirados Árabes Unidos – minaria um mercado já frágil.
Próxima reunião
O grupo precisa decidir nas próximas duas semanas se vai seguir com o aumento da produção em janeiro conforme estipulado no acordo, ou adiá-lo. Até o momento, Riad e Moscou sinalizaram que estão preparados para adiar o aumento, pois o coronavírus continua a minar a demanda por energia.
A Energy Intelligence informou anteriormente que os Emirados Árabes Unidos avaliam os prós e os contras da adesão à Opep. Nenhum representante estava disponível para comentar no Ministério do Petróleo.
A produção diária dos Emirados Árabes Unidos é limitada a 2,59 milhões de barris até o final do ano. Após esse período, subiria para 2,74 milhões se a Opep+ decidir não adiar o aumento. O país bombeou 3,4 milhões de barris por dia em março, um recorde mensal, e tem capacidade para produzir cerca de 4 milhões por dia.