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Auditorias em minas da Vale podem levar a redução de produção

21 jan 2020, 14:15 - atualizado em 21 jan 2020, 14:15
Vale Mineração Empresas
As preocupações com a segurança já levaram a Vale a interromper parte da produção, incluindo a mina de Brucutu, depois do alerta de um auditor independente e não da empresa (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

A promotora que investiga o colapso da barragem da Vale (VALE3) em Brumadinho está analisando operações adicionais e disse que não descartou a possibilidade de que mais produção seja afetada, o que seria um novo golpe para a maior mineradora de minério de ferro do mundo.

“A experiência deste ano de 2019 foi de que não teve uma proatividade da empresa para apresentar os riscos para as autoridades, disse Andressa Lanchotti, promotora de Minas Gerais e coordenadora da força-tarefa que está investigando o rompimento da barragem que matou pelo menos 259 pessoas em janeiro de 2019. “Pelo contrário, ela negou os riscos, judicialmente”.

As preocupações com a segurança já levaram a Vale a interromper parte da produção, incluindo a mina de Brucutu, depois do alerta de um auditor independente e não da empresa, disse Lanchotti à Bloomberg.

A Vale suspendeu temporariamente parte da produção de Brucutu em dezembro, depois de aumentar o nível de risco da barragem de Laranjeiras nas proximidades de 0 para 1, a segunda mais baixa na escala de quatro níveis, onde 3 significa que uma explosão é iminente. O nível 2 exige evacuações.

Auditores independentes, incluindo a Aecom, de Los Angeles, estão analisando 25 minas da Vale em Minas Gerais, além de 100 barragens e diques, disse Lanchotti. Os auditores foram contratados como parte de um acordo entre a Vale e o Ministério Público de Minas Gerais, cuja força-tarefa inclui cerca de 20 pessoas.

A Vale está cobrindo os custos da auditoria, mas as informações são enviadas diretamente às autoridades.

“As informações estão chegando para o MP”, disse ela em entrevista em Belo Horizonte. “Como tem essas auditorias nessas barragens todas, eu não descarto serem apresentados novos problemas nos próximos dias e meses que vão requerer suspensão de atividades também”.

A Vale está trabalhando para evitar possíveis paradas em quatro minas de nível 3, inclusive na mina Gongo Soco. Mas, Lanchotti disse que outros problemas podem ser encontrados em minas com menor nível de risco.

Ela citou a barragem de Itabirucu em Itabira, local de nascimento da Vale e uma das maiores cidades com maior produção de minério de ferro do mundo. A Vale reduziu a produção depois que a Aecom recomendou que a estrutura fosse classificada como nível 1 em outubro.

“É importante ressaltar que a Vale sempre esteve comprometida com a segurança das pessoas e de suas estruturas, e vem continuamente aprimorando seus processos de gestão preventiva de riscos”, disse a empresa em resposta a pedido de comentário.

A empresa também disse que o resultado das auditorias e dados relevantes seguem continuadamente compartilhados com as autoridades.