Atrasos, clima e preços: Os rumos da soja e do milho na metade do ciclo 2023/2024
As colheitas do ciclo 2023/2024 de soja e milho seguem a todo vapor, com as lavouras colhidas girando em torno de 45% e 50% no Brasil, respectivamente.
A temporada tem sido marcada por uma queda nos preços, fator que segue como uma das principais preocupações do produtor rural na atual temporada.
O Agro Times ouviu alguns especialistas de mercado, que falaram sobre os rumos das culturas após a safra caminhar para a metade.
- MONEY PICKS – UMA ANÁLISE 360º DO MERCADO: O Money Times analisou 20 carteiras recomendadas para descobrir onde estão as melhores oportunidades de investimento para março, segundo as maiores casas de análise e bancos do país. Confira o material completo gratuitamente aqui.
A soja no ciclo 2023/2024
Luiz Fernando Gutierrez, analista de soja na Safras & Mercado, destaca que os principais problemas para a oleaginosa seguem por conta dos preços mais baixos para o produtor.
“Não vemos nenhum grande fator para mudar essa trajetória de preços no Brasil e na bolsa de Chicago neste primeiro semestre. Talvez no segundo semestre a gente tenha um ambiente um pouco mais positivo. Isso mudaria agora caso houvesse uma piora muito grande para a safra na Argentina, uma colheita do Brasil menor que o esperado ou menor intenção de plantio nos EUA, mas não acredito que isso deva acontecer”, avalia.
Gutierrez comenta a possiblidade no segundo semestre de uma recuperação dos preços dos prêmios da soja pela provável disputa entre exportação e mercado interno.
Preços em Chicago
A partir de abril, o mercado da soja, que segue com suas atenções voltadas para as safras da Argentina e do Brasil, deve voltar seus “olhos” para a nova safra dos Estados Unidos, com a tendência de uma maior área, o que tende a pressionar os preços em Chicago.
“No primeiro semestre, o ambiente está mais claro. Mais para frente, com o avanço da safra nos EUA, o clima entrará no foco e, se houver impactos negativos, o mercado deve reagir de forma positiva, mas é cedo para entender o que deve ocorrer, ainda que os mapas apontem para um bom clima entre maio e setembro no país”, diz.
O milho na safra 2023/2024
Felipe Sawaia, analista de mercado na StoneX, destaca que a maior parte dos desafios, pelo menos em termos de trabalho no campo para o milho verão, ficaram para trás.
“Temos um número consolidado de 25,9 milhões de toneladas e os problemas da safra parecem ter passados no quesito trabalhos no campo. Tivemos a seca no final de 2023 que gerou queda de produtividade, mas agora, em 2024, o clima tem sido bom, com bons acumulados em todas as regiões”, explica.
Por outro lado, o problema fica por conta dos níveis de comercialização. “Apenas 20% do milho verão foram comercializados, sendo que para essa época do ano o ‘normal’ gira em torno de 40%. Isso ocorre por conta dos preços mais fracos, então o produtor tem segurado as vendas na esperança de conseguir melhores valores”, pontua.
O cenário para o milho safrinha e preços na CBOT
Na avaliação da StoneX, 76% das lavouras de milho safrinha no Brasil já foram plantadas. Com isso, o ciclo da cultura está mais suscetível aos impactos, como estiagem e fortes chuvas. Para o milho safrinha, a comercialização está em 15%, contra uma média histórica de 30%.
“Por enquanto, as condições climáticas estão boas, com nenhuma região sofrendo com seca, mas é algo que precisa ser monitorado dia após dia, até a colheita que deve ocorrer daqui dois ou três meses”, diz.
- ESPECIAL IMPOSTO DE RENDA 2024: Confira as mudanças para a declaração do IR este ano, quem precisará prestar contas à Receita Federal, e como declarar seus investimentos; É só clicar e assistir ao Giro do Mercado desta quinta-feira (7):
No mesmo período do ano passado, os preços do grão giravam em torno US$ 6,80-6,90 na bolsa de Chicago. Hoje, eles estão em US$ 4,20, uma queda de quase 40%.
“Esse é um recuo muito significativo, e o que tem mais pesado sobre os preços fica por conta da safra da Argentina, que será bem mais robusta que a do ano passado, e as exportações dos EUA, que estão bem abaixo da média dos últimos anos, com uma demanda externa pelo grão norte-americano bem fraca, com a China comprando menos. São esses os principais fatores que mexem com os preços, que seguem com pressão de baixa“, finaliza.