Energia Elétrica

Atraso em chuvas pode levar conta de luz a ter taxa extra em dezembro, dizem analistas

28 out 2019, 17:03 - atualizado em 28 out 2019, 17:03
Os lagos das usinas hídricas costumam receber mais precipitações entre novembro e abril, mas uma hidrologia bastante desfavorável em outubro tem gerado expectativas negativas (Imagem: Pixabay)

Um atraso no início do período de chuvas na região das hidrelétricas do Brasil pode levar as contas de luz a continuarem com cobranças adicionais em dezembro, geradas pelo acionamento das chamadas bandeiras tarifárias, disseram especialistas à Reuters nesta segunda-feira.

Os lagos das usinas hídricas, principal fonte de energia no país, costumam receber mais precipitações entre novembro e abril, mas uma hidrologia bastante desfavorável em outubro tem gerado expectativas negativas para a reta final do ano.

As chuvas até o momento neste mês representaram apenas 59% da média de longo prazo para o Sudeste, onde concentram-se os maiores reservatórios, mostraram dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta segunda-feira.

“Está bem atrasado o início do ‘período úmido’. Em outubro geralmente já é um mês em que chuvas começam a acontecer, e não verificamos isso. Está fechando como terceiro pior outubro da história, atrás só de 1954 e 1955, que fazem parte do chamado ‘período crítico’ no histórico desde 1931”, disse o presidente da Bolt Energias, Gustavo Ayala.

Para novembro, o mecanismo tarifário ficará no patamar vermelho nível 1, que gera custo extra de 4,169 reais para cada 100 quilowatts-hora consumidos (Imagem: Pixabay)

O cenário poderá levar à manutenção de cobranças extras nas tarifas elétricas em dezembro, mês que no ano passado teve bandeira verde, patamar que não gera custos adicionais.

Para novembro, o mecanismo tarifário ficará no patamar vermelho nível 1, que gera custo extra de 4,169 reais para cada 100 quilowatts-hora consumidos, ante bandeira amarela em outubro deste ano e em novembro de 2018.

“Acreditamos que haverá uma recuperação, mas será bem tardia… a bandeira tarifária pode ficar em dezembro entre o patamar vermelho nível 1 e amarela, vai ficar no limiar. Vai depender um pouco de como vai ser o comportamento (das chuvas) na segunda quinzena de novembro”, disse o diretor comercial da Energética Comercializadora, Laudenir Pegorini.

O recente clima seco tem feito com que os reservatórios hidrelétricos no Sudeste percam entre 0,3 e 0,4 ponto percentual em armazenamento por dia, um ritmo bastante significativo, disse o diretor de Gestão de Energia da Esfera Energia, Luiz Fernando Lorey.

“Outubro é sempre uma incógnita, por ser transição de período. Mas agora já se configura um outubro bem ruim e para novembro ainda não há sinais claros de que vai ‘molhar’, de que vai ter chuva, pelo menos nos próximos 15 dias está bem ruim”, afirmou.

Os reservatórios hidrelétricos do Sudeste poderiam fechar dezembro com cerca de 20,6% da capacidade se não houver mudanças no atual cenário para as chuvas(Imagem: Pixabay)

Com o tempo bastante seco, as primeiras chuvas significativas que caírem na região das hidrelétricas deverão primeiro tornar o solo mais úmido, com o enchimento dos reservatórios demorando um pouco mais, disse a gerente de Estudos e Pesquisa da empresa de inteligência em energia MegaWhat, Juliana Chade.

“Os reservatórios devem começar a se elevar a partir de fevereiro, mais para fevereiro e março”, afirmou.

Ela ressaltou, no entanto, que a situação não gera riscos de oferta de energia, apesar do possível rebatimento em custos por meio das bandeiras tarifárias.

“Em anos anteriores já tivemos afluências ainda menores e não houve esse risco, então acredito que não tenha nenhum risco de abastecimento”, acrescentou.

Ainda assim, os reservatórios hidrelétricos do Sudeste poderiam fechar dezembro com cerca de 20,6% da capacidade se não houver mudanças no atual cenário para as chuvas, segundo projeções da CCEE, o que superaria os 22,5% tocados em 2017, considerado pior ano do histórico em termos de armazenamento.

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