Atraso da Ethereum 2.0 é culpa da abordagem “multicliente”, afirma líder do projeto
O paradigma multicliente da Ethereum 2.0 — embora fundamental por questões de segurança — é um dos principais motivos para o processo de lançamento estar demorando tanto, de acordo com líder do projeto Danny Ryan.
A equipe da ETH 2.0 adiou repetidamente o cronograma de lançamento da Fase 0, o primeiro passo para a apresentação multietapas da rede.
Embora os desenvolvedores haviam estabelecido uma data de lançamento (13 de janeiro), tiveram que adiá-la de última hora para alterar o design técnico da rede. Desde então, membros da equipe forneceram diferentes estimativas para o lançamento.
Em fevereiro, Vitalik Buterin, cofundador da Ethereum, previu que o lançamento aconteceria no segundo trimestre desde ano. Em março, Justin Drake, pesquisador da Ethereum Foundation, disse que o objetivo da equipe era lançar a Fase 0 antes do 5º aniversário da Ethereum em julho.
Porém, a quantidade de trabalho que ainda não foi finalizada gerou dúvidas de se a equipe conseguirá cumprir com o prazo.
Por exemplo, a Ethereum Foundation ainda precisa apresentar um teste oficial da rede, que a equipe afirmou que precisará ser bem-executada por dois meses antes da rede principal ser lançada.
Nesta quarta-feira, Ryan, o principal desenvolvedor da ETH 2.0, afirmou, durante a conferência Consensus da CoinDesk, que o modelo multicliente do projeto também está contribuindo para o atraso de lançamento.
Atualmente, existem sete implementações de cliente na Ethereum 2.0: Trinity (da Ethereum Foundation), Prysm (do Prysmatic Labs), Lighthouse (da Sigma Prime), Nimbus (da Status), Lodestar (da ChainSafe), Teku (PegaSys) e Cortex (da Nethermind).
Ryan considerou Lighthouse como “o cliente com melhor desempenho até agora”, no quesito de velocidade e segurança. Enquanto isso, Prysmatic Labs foi responsável por apresentar a maior rede de testes de único cliente, com mais de 400 nós.
Para criar uma base na qual cada cliente possa trabalhar, a equipe da ETH 2.0 aplicou uma abordagem com “foco em especificações”, em que, primeiro, irão finalizar o design total do protocolo e, em seguida, trabalhar no processo de implementação.
Essa filosofia de design deve pavimentar o caminho para o que desenvolvedores chamam de “paradigma multicliente”.
Ter múltiplos clientes é essencial para manter um alto nível de segurança na rede, segundo Ryan. “Se houver uma grande falha em um único cliente e ele cair, a rede pode continuar a funcionar porque a maioria dos nós podem não estar sendo executados naquele cliente.”
A história da atual rede Ethereum sustenta sua avaliação, de acordo com ele. Tanto o cliente Geth como o cliente Parity já haviam sido comprometidos, mas a rede principal continuou funcionando.
No entanto, isso faz com que demore ainda mais para que todos os detalhes sejam finalizados.
“O paradigma multicliente traz a complexidade adicional para inserir aspectos na rede principal”, disse ele. “Se tivéssemos um cliente, talvez já teríamos lançado a rede principal.”