Ativos chilenos disparam após rejeição de nova constituição
Os ativos chilenos dispararam na segunda-feira após a rejeição esmagadora da proposta de nova constituição que visava reformar a economia de livre mercado do país e consagrar uma série de direitos sociais.
O peso chegou a avançar 3,2% a 849,73 por dólar antes de reduzir os ganhos para cerca de 1,5%, ainda liderando os ganhos entre as principais moedas do mundo.
Os contratos de juros para dois anos caíram 0,26 ponto percentual para 9,5%, enquanto o rendimento dos títulos do Tesouro chileno indexados à inflação com vencimento em 2026 caiu 0,35 ponto percentual, para 1,65%, segundo dados da bolsa de Santiago.
O índice IPSA da bolsa chilena chegou a subir 6,4% para o nível recorde de 6.013,31 pontos, também liderando ganhos entre pares globais.
O indicador chegou a registrar alta de 11.2% em dois dias, o maior rali para o período desde novembro do ano passado.
Os chilenos rejeitaram a nova constituição por uma margem de quase 62% a 38% no domingo, muito mais do que as pesquisas de opinião indicavam.
A votação foi um baque para o presidente Gabriel Boric, que contava com a nova constituição para reformar os sistemas tributário, previdenciário e trabalhista.
Ele deve agora negociar uma segunda tentativa de redigir uma nova constituição ou alterar a existente, que foi elaborada durante a ditadura de Augusto Pinochet.
“A rejeição é uma evidência clara de que os chilenos não querem uma ruptura com o modelo existente”, disseram os analistas do BTG Pactual César Pérez-Novoa e Pablo Cruz, em um relatório. “O resultado do evento é um grande impulso para o sentimento dos investidores e um gatilho para a reavaliação dos ativos chilenos.”
O fato de que mais de 85% do eleitorado tenha participado e que o voto de rejeição tenha vencido mesmo em centros urbanos como Santiago, reduto da esquerda, tornou a derrota ainda mais significativa para o governo, há apenas seis meses no poder.
Após a votação, Boric reiterou seu compromisso com a mudança da constituição e enfatizou que o congresso do país desempenharia um papel de liderança.
O presidente agendou reuniões na segunda-feira com líderes das duas casas do legislativo e manterá conversas com outras lideranças políticas durante a semana.
“O desempenho do peso chileno depende da capacidade do governo de Boric de transformar uma derrota na votação em um acordo político” sobre o caminho a seguir para uma mudança constitucional mais moderada, disse David Franco, estrategista para América Latina do Banco Santander.
Esse impulso para continuar o processo constitucional deve moderar os ganhos em todas as categorias de ativos.
“Não achamos que o peso seria capaz de apagar totalmente os prêmios associados ao cenário político, já que o esforço de reforma provavelmente não diminuirá totalmente e os riscos fiscais continuam consideráveis”, escreveram analistas do UBS incluindo Andrea Casaverde em nota na segunda-feira. Aconselharam “não extrapolar” a reação do peso ao resultado do referendo.
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