Economia

Atividade econômica vai desacelerar no 2º semestre mesmo com atual alta do PIB

01 set 2022, 12:00 - atualizado em 01 set 2022, 12:00
Moeda de 1 real, ao fundo, mais moedas e bandeira do Brasil
O PIB do primeiro trimestre foi revisado para cima, de 1% para 1,1%. (Imagem: Shutterstock)

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou alta de 1,2% no segundo trimestre do ano. O resultado surpreendeu o mercado, uma vez que veio acima das projeções de alta de 0,9%. Além disso, o PIB do primeiro trimestre foi revisado para cima, de 1% para 1,1%.

Apesar dos dados positivos, as expectativas dos economistas para o segundo semestre são de uma desaceleração na atividade econômica.

“O resultado é bom, mas não vamos revisar ainda o PIB deste ano”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton. “Projetamos 2%, uma vez que olharemos em detalhe outros componentes como o setor externo que recuou com a alta expressiva de importações e queda nas exportações.”

O Goldman Sachs destaca que os cortes recentes nos impostos sobre combustíveis e energia, além dos pacotes de benefícios, devem adicionar 0,7% no PIB durante o segundo semestre. No entanto, alguns fatores jogam contra a economia brasileira.

“No futuro, a inflação elevada, o impacto defasado do recente aperto monetário e financeiro, condições de crédito cada vez mais exigentes, alto nível de endividamento das famílias, desaceleração contínua da economia global, potencial suavização dos preços das commodities e a incerteza política pós-eleitoral, provavelmente adicionarão ventos contrários crescentes à atividade econômica”.

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Melhora do PIB

O economista-chefe da RPS Capital, Victor Candido, afirma que o número do PIB foi bastante forte, robusto, mostrando que boa parte da atividade econômica está sendo gerada no Brasil.

“É o que chamamos de absorção interna, tiramos os componentes externos. E foi muito forte. A economia cresceu 1,2%, enquanto o mercado esperava algo próximo de 1%. No ano, a economia cresce acima de 2,5%”.

A leitura preliminar dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram desempenho favorável do Consumo das Famílias, com alta de 2,6% no trimestre.

Isso acontece pela retomada do emprego que apesar de ter um rendimento médio real por trabalhador ainda baixo fez que a massa salarial subisse na esteira de mais gente trabalhando.

Para Fabio Louzada, economista e fundador da escola Eu me banco, o setor de serviços é um dos maiores destaques positivos, mostrando recuperação estimulada pela retomada econômica pós-Covid, vacinação e fim das restrições em relação à pandemia.

“O setor de indústria também chamou a atenção e teve o segundo resultado positivo consecutivo do setor, que foi puxado pela alta na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos”, afirma.

Banco Central

O resultado de hoje não deve influenciar nos planos do Banco Central. Em sua última ata, a autoridade monetária sinalizou um possível reajuste residual de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros. Com isso, a Selic encerrará seu ciclo de altas em 14% ao ano.

Ainda assim, esse movimento não foi confirmado e parte do mercado aposta que o BC pode optar por encerrar em 13,75%.

“Avaliamos que as implicações para política monetária são mínimas, visto que o comitê em seu último comunicado parece ter sido claro sobre o iminente encerramento do ciclo de juro”, afirmam os economistas da Ativa Investimentos, Guilherme Sousa e Étore Sanchez.

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