Até tu, Galípolo? Indicado de Lula afirma que considerou votar por corte de 0,25 pp na Selic
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, considerou votar por um corte de 0,25 ponto percentual na Selic durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Votar por um corte de 0,25 ponto foi algo que cogitei em vários dos diálogos [com outros diretores do Banco Central]“, disse durante seminário promovido pelo Valor Econômico em Nova York, na quarta-feira (15).
Ele afirma que teria ficado “confortável” com essa decisão, já que, segundo o diretor, “ganha-se muito” ao reduzir o ritmo do afrouxamento monetário.
Vale lembrar que, na semana passada, o Copom reduziu i ritmo de cortes da taxa básica de juros. O corte mais cauteloso vem depois de seis reajustes de 0,50 pp e o comunicado da autoridade monetária deixa bem claro o motivo: o cenário econômico brasileiro e global mudou.
“Eu entendo que o ponto mais importante na mudança de 0,50 para 0,25 era sinalizar um tom adicional de preocupação para o mercado para além daquilo tudo que está registrado em consenso entre os membros do Copom”, completou.
Ele ainda destacou que a divisão na reunião do Copom girou em torno do debate dos ganhos de elevar a cautela contra o custo de não seguir o guidance sinalizado na ata da reunião de março. Para os diretores mais novos, seguir o guidance é uma forma de consolidar credibilidade no mercado, algo que os diretores mais antigos já têm.
Selic causou um racha no Banco Central
No entanto, o que chamou a atenção do mercado foi que a decisão do reajuste não foi unânime. Votaram por uma redução de 0,25 pp os seguintes membros do Comitê:
- Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente)
- Carolina de Assis Barros
- Diogo Abry Guillen
- Otávio Ribeiro Damaso
- Renato Dias de Brito Gomes
Por outro lado, votaram por uma redução de 0,50 pp os seguintes membros:
- Ailton de Aquino Santos
- Gabriel Muricca Galípolo
- Paulo Picchetti
- Rodrigo Alves Teixeira
Votaram pelo corte maior justamente os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que sinaliza que o mercado pode começar a se preparar para um Banco Central menos contracionista a partir do ano que vem.
Além disso, Galípolo é o favorito para a vaga de Roberto Campos Neto, que deixa a presidência do BC em dezembro deste ano.
*Com informações da Reuters e Valor Econômico