Até quando o BC vai manter a Selic em 13,75%? As apostas vão até 2024; confira
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. Este é o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017, onde a Selic está estacionada desde agosto.
O Banco Central deixou claro que está avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.
Além das preocupações em relação à economia global, o Banco Central está de olho no risco fiscal brasileiro e em como isso vai impactar a inflação.
O Senado aprovou a PEC de Transição, mas um pouco desidratada: o valor foi reduzido de R$ 198 bilhões para R$ 145 bilhões.
As preocupações do Banco Central também são as mesmas do mercado, que já reajusta as suas expectativas para a Selic.
Reajuste para baixo
Há algumas semanas, os economistas e analistas mais otimistas diziam que os cortes na Selic começariam já em meados de março. No entanto, boa parte apostava em uma data entre maio e junho.
O problema é que o Copom aumentou em 0,20 ponto percentual as suas projeções de inflação de 2022 e 2023, além de um aumento de 0,10 pp nas projeções de inflação para 2024.
Com isso, as projeções para o afrouxamento da política monetária mudaram. “O Banco Central manteve o tom mais hawkish sobre a inflação e segue atento aos riscos locais e desdobramentos globais. A manutenção da Selic deve ser mantida por um tempo mais longo, no mínimo, até final do 1º semestre de 2023”, destaca Rafael Passos, analista da Ajax Capital.
O Bank of America também aposta que o limite para manter os juros no atual patamar será o 1º semestre no ano que vem, sendo que 2023 deve terminar com a Selic em 10,50%.
Mas essa é uma visão otimista. O Relatório Focus desta semana mostrou que a previsão do mercado para a Selic de 2023 foi elevada de 11,50% para 11,75%.
O Credit Suisse, por exemplo, deixou de prever cortes dos juros no ano que vem e projeta que 2023 termina com a Selic no atual patamar de 13,75%. Os cortes só devem acontecer no ano seguinte.
Além disso, para 2024, o banco elevou sua perspectiva para o nível dos juros a 11,50%, ante os 8,50% estimados inicialmente.
Já o UBS BB elevou de 10% para 11,25% projeção de Selic no fim de 2023 e de 7,5% para 9%, em 2024.
Para a instituição, os cortes na taxa de juros começam a partir de junho. Ao todo, devem ser nove reajustes de 0,5 pp e um corte final de 0,25 pp.
Reajuste: Juros para cima
Vale destacar que, em seu comunicado, o Banco Central deixou as portas abertas para novos reajustes na Selic.
“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, diz o documento.
Tanto que o mercado não descarta uma alta residual de 0,25 pp nos juros entre as reuniões de fevereiro e março. Neste caso, a Selic avança para 14%.