Até o 3º mandato do camarada Xi virou culpado pelo açougue abarrotado da China
Os resultados de exportações de outubro de carne bovina estão sendo aguardados com certa ansiedade pelos lados do destino chinês. No frigir do ano também.
Mas já há quem atribua, como a consultoria Agrifatto, aos poucos “sinais de recuperação” da demanda interna da China, até a potencial “retirada dos investimentos do país devido à reeleição do presidente Xi Jinping”.
O camarada, em inédito 3º mandato, foi eleito no 20º Congresso do Partido Comunista que se conclui no último final de semana. Mas era bola cantada desde 2021.
A questão de fundo é que sobra carne mesmo, em ambiente de desaceleração econômica desde a virada do ano, com reflexos em um tipo de câmbio desfavorável para os importadores, com o yuan perdendo feio para o dólar.
Neste mês os números semanais de embarques gerais balançaram bem entre a segunda a terceira semanas, de baixa e alta, apesar de que oficialmente não se possa atribuir à China. Terça ou quarta próximas se saberá, quando a Secex apresentar as estatísticas completas do mês.
Para o ano, o cenário de comparação leva em conta os 3,6 meses de embargo à carne brasileira, após os episódios de vaca louca. A retração das importações foi de 7%, para 950 mil toneladas, contra 2021.
Vale lembrar desde já que a produção interna de carne suína avançou, o que também se refletiu nos números de escoamento do produto brasileiro.
Mesmo que até setembro de 2022 a marca anual do ano passado já tenha sido batida, poderia se esperar mais no acumulado de janeiro a dezembro, superando as mais de 1,182 milhões/t de 2020.
Mas 2022 teve muita recidiva de covid e vários fechamentos sociais em cidades importantes – política que Pequim não abre mão -, e junto a outros fatores conjunturais o crescimento chinês vem sendo modesto para seus padrões, como os 3,9% do terceiro trimestre.
Logo, o volume de carne guardada é satisfatório. Em dezembro as compras da China são interrompidas, praticamente. Os grandes volumes de estoques para atravessar o período até o fim de fevereiro, com o feriadão do Ano Novo Lunar no meio, não devem oferecer surpresas.
Se em 2021, com as compras paralisadas do Brasil, o maior fornecedor ao país, não ocasionou problemas, não seria desta vez.
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