Eleições 2022

Ataque de Roberto Jefferson inicia ‘semana do pensamento mágico’, diz cientista político

24 out 2022, 12:29 - atualizado em 24 out 2022, 12:29
Roberto Jefferson
Jefferson teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Os tiros disparados pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais no domingo (23) iniciam uma “semana do pensamento mágico”, avalia o cientista político Alberto Carlos de Almeida.

O autor de “A cabeça do brasileiro” (Record, 2007) diz ver um esforço de parte dos analistas políticos em buscar uma razão para a mudança de voto do eleitor, com a proximidade do segundo turno.

“O voto está super solidificado desde o ano passado”, afirma. “Lula e Bolsonaro são duas figuras muito conhecidas, líderes populares. Ainda assim, as pessoas não levam isso em consideração”.

Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (19) mostrou Lula (PT) com 49% das intenções de voto e Bolsonaro indo para 45%.

Para Almeida, a afirmação de que a mudança de voto ocorreria por causa de um “efeito de mídia” é baseada em um “grande desprezo” pelo eleitor e na crença de que a população pode ser facilmente ludibriada.

“O Roberto Jefferson para o eleitor comum não é nada”, afirma. O ex-deputado federal tem uma base eleitoral toda na Região Serrana do Rio de Janeiro, destaca o cientista político.

Presidente afastado do PTB, ele ficou conhecido nacionalmente após delatar o “mensalão”, esquema de compra de votos no Congresso no primeiro mandato de Lula.

Ataque e resposta de Bolsonaro e Lula

Após ofender a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), nas redes sociais enquanto estava em prisão domiciliar, Jefferson teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, também do Supremo, mas resistiu à prisão disparando com um fuzil e lançando duas granadas contra os agentes que foram à sua casa cumprir a determinação.

Dois policiais federais ficaram feridos e, após intervenção direta do ministro da Justiça, o ex-deputado se entregou e está preso no Rio de Janeiro.

Bolsonaro buscou se distanciar de Jefferson, um apoiador de primeira hora do presidente, chamando-o de “bandido” e chegando a afirmar que sequer tinha uma foto com o ex-deputado, o que fez com que fosse rapidamente desmentido nas redes sociais, com a publicação de várias imagens ao lado de Jefferson, inclusive abraçando o ex-deputado.

Lula, por sua vez, vinculou o comportamento de Jefferson ao que apontou como clima criado por Bolsonaro no país, ao mesmo tempo que criticou as ofensas do ex-deputado a Cármen Lúcia.

*Com informações da Reuters

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