Ataque de Putin à Ucrânia frustra estratégia de Biden e coloca liderança à prova
Ele ameaçou impor as sanções mais duras de todos os tempos à Rússia. Ele trabalhou para galvanizar aliados dos Estados Unidos em uma frente unida. Ele forneceu à Ucrânia mais armas do que qualquer presidente norte-americano antes dele. E reforçou as forças dos EUA no flanco leste da Otan como garantia de seu compromisso.
Apesar dos esforços do presidente dos EUA, Joe Biden, para impedir um ataque russo contra a Ucrânia, o presidente Vladimir Putin foi irredutível.
Nesta quinta-feira, Putin autorizou o que chamou de “operação militar especial” na região de Donbass, no leste da Ucrânia, marcando um novo pico nas tensões pós-Guerra Fria.
O alcance da ofensiva não ficou imediatamente claro. Explosões puderam ser ouvidas perto de Kiev e em outras partes do país, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que a Rússia realizou ataques com mísseis em infraestrutura.
A forma como Biden lida com a crise, a qual autoridades ocidentais temem que possa se transformar no mais sangrento conflito europeu desde a Segunda Guerra Mundial, deve ter profundas implicações para seu destino político e as relações dos EUA com o mundo.
Biden prometeu que os Estados Unidos e seus aliados responderiam decisivamente ao “ataque não provocado e injustificado” da Rússia.
Mas sua maneira de lidar com a maior crise internacional de seu mandato como presidente foi considerada uma mistura de coisas até agora.
Biden sempre estará limitado porque seu governo deixou claro que faria o que pudesse para ajudar a Ucrânia a se defender, mas não colocaria tropas no terreno.
Sua preferência por diplomacia e sanções reflete o escasso apetite dos norte-americanos por intervenção após as dificuldades no Afeganistão e no Iraque.
Putin tinha a vantagem de saber que Biden não iria guerrear contra outra potência nuclear para proteger um país que compartilha uma longa fronteira com a Rússia –e com o qual Washington não tinha acordo de defesa.
Foco no flanco leste da Otan
Biden concentrou-se em coordenar com os aliados da Otan, especialmente aqueles no leste preocupados com o transbordamento do acúmulo de 150.000 soldados da Rússia nas fronteiras da Ucrânia.
Um diplomata europeu de alto escalão descreveu as consultas de Biden com aliados como “exemplares”, um contraste de como muitos parceiros viram a caótica retirada dos EUA do Afeganistão no ano passado.
Alguns analistas questionaram, no entanto, se o envio de alguns milhares de soldados adicionais dos EUA para Alemanha, Polônia e Romênia era suficiente e sugeriram que Biden poderia ter feito mais para manter uma opção militar crível.
“Uma das deficiências é que o pacote de dissuasão que desenvolvemos é meio assimétrico, pois é principalmente econômico e estamos enfrentando uma ameaça militar”, disse Ian Kelly, ex-embaixador dos EUA na OSCE e na Geórgia.
Kelly afirmou que Biden poderia ter buscado a ativação da Força de Resposta da Otan e enviado para a Polônia e os países bálticos, com a mensagem: “Estamos reunindo tropas em nossa fronteira; vamos retirar quando você retirar.”
Analistas creditam a Biden o trabalho com aliados na preparação de sanções destinadas a paralisar a economia russa e atingir o círculo íntimo de Putin. Ele convenceu a Alemanha, há muito considerada o elo fraco, a congelar as aprovações do gasoduto Nord Stream 2.
Os próximos passos podem incluir uma tentativa de cortar os vínculos da Rússia com o sistema financeiro global.