Petróleo

Ataque contra Arábia Saudita abala papel da guardiã do petróleo

18 set 2019, 14:56 - atualizado em 18 set 2019, 14:56
Aramco
Mesmo com a promessa da Arábia Saudita na terça-feira de manter as exportações de petróleo fluindo normalmente, o país reconheceu que seu estoque para os próximos dois meses corresponderá à metade do nível normal (Imagem: REUTERS/Stringer)

A Arábia Saudita está restaurando sua infraestrutura de energia e produção de petróleo, mas os ataques do fim de semana podem ter causado danos irreparáveis em um dos maiores ativos do reino: seu papel como guardião dos mercados globais de petróleo.

Durante décadas, Riad recorreu à capacidade de produção não utilizada como amortecedor durante os períodos de crise, como durante a invasão iraquiana do Kuwait em 1990 e a guerra civil da Líbia em 2011. Mesmo quando inativa, a capacidade não utilizada é levada em conta por manter os preços sob controle, ampliando a influência da Arábia Saudita no mercado global.

Esse papel foi seriamente atingido pelo ataque no sábado à instalação de processamento de Abqaiq. Traders ficaram alarmados com a facilidade com que uma série de drones ou mísseis derrubou o que deveria ser a última linha de defesa do mercado de petróleo. Enquanto as hostilidades persistirem entre a Arábia Saudita e o Irã – acusado por autoridades americanas de ter orquestrado o ataque em Abqaiq -, há chances de ataques acontecerem novamente, segundo consultores da Petromatrix.

“Depois deste fim de semana, devemos considerar que a capacidade não utilizada da Arábia Saudita será efetivamente inexistente enquanto sanções máximas forem impostas ao Irã“, disse Olivier Jakob, diretor-gerente da consultoria. Teerã negou o envolvimento no ataque.

Mesmo com a promessa da Arábia Saudita na terça-feira de manter as exportações de petróleo fluindo normalmente, o país reconheceu que seu estoque para os próximos dois meses corresponderá à metade do nível normal. A capacidade total de produção aumentará para 11 milhões de barris por dia este mês e atingirá o nível máximo de 12 milhões até o fim de novembro, disse o ministro de Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman.

Mesmo assim, Riad pode ter que reconhecer que o mundo já não terá o mesmo grau de confiança em seu papel de guardião.