Ata do Fed revela 3 cenários que podem fazer inflação voltar mais forte (dois deles estão em curso)
A ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) mostra que a maioria dos dirigentes do BC norte-americano ainda não pensa em liquidar o aperto monetário na maior economia do mundo.
Os membros do Fed reconheceram avanços no controle da inflação americana, com algum alívio no núcleo da inflação, menor elevações de preço na ponta do produtor, desaceleração do preço de moradias e queda das expectativas de inflação no curto prazo.
Mas, segundo o documento, há riscos que podem deteriorar o cenário macroeconômico, o que acabou justificando a alta de 0,25 ponto percentual na reunião feita no fim do mês passado. Atualmente, a taxa de juros americana está na banda de 5,25-5,50%.
Esses riscos estariam associados, na visão dos dirigentes, a cenários em que as cadeias de produção voltam a ter condições de oferta deterioradas, ou em que a demanda agregada não cumpre a desaceleração necessária a fim de garantir a estabilidade de preços.
Quanto a este ponto, a minuta da última reunião revela dirigentes do Fomc atentos à influência do mercado de trabalho americano, que vem se mostrando consistentemente resiliente em componentes de preços mais sensíveis ao salário. É o caso dos serviços, por exemplo.
Para Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, dados empresariais da indústria e dos serviços nos últimos dias reforçaram a percepção de uma atividade econômica mais forte e potencialmente inflacionária no terceiro trimestre.
“O varejo e a indústria tiveram um desempenho muito forte em julho. Pode ainda haver um problema no ajuste sazonal, nós temos sido afetados por essa questão no pós-pandemia”, explica a economista.
Há ainda um terceiro ponto mencionado pela ata como um risco inflacionário, que é a reversão das tendências favoráveis nos preços de commodities. Esta é também uma tendência que vem sendo observada nos últimos meses, com o petróleo tendo avançado cerca de 13% em julho, após cortes anunciados por países produtores.
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Como os mercados reagem à ata do Fomc?
O tom considerado “hawkish” da ata precipitou um aumento da aversão ao risco, o que piorou o desempenho dos índices acionários nos Estados Unidos e aqui no Brasil. Além disso, houve fortalecimento da moeda americana e aumento dos prêmios para os títulos da dívida do país.
Confira:
- Bolsas americanas: Os três principais índices de Nova York — Dow Jones Industrial Average (DJIA), S&P 500 (SPX) e Nasdaq (IXIC) — caíram, respectivamente, 0,52%, 0,76% e 1,15%.
- Treasuries: O prêmio das T-bills de 2 anos acelerou após a divulgação da minutagem.
- Dólar Global (DXY): O índice que mede a variação do dólar ante uma cesta de moedas fortes acelerou ganhos após a divulgação do Fed, reagindo à possibilidade de novos aumentos na taxa-base de juros.
- Ibovespa (IBOV): O principal índice acionário brasileiro perdeu fôlego e opera com perdas marginais e cravou o décimo segundo pregão consecutivo de perdas.
O Federal Reserve volta a se reunir em setembro. Para a próxima reunião, a expectativa é que o Fomc mantenha os juros no patamar atual (cerca de 88% das apostas).