Economia

Ata do Copom reforça necessidade elevar Selic a 14,25% para conter impacto de incerteza do governo Trump

25 mar 2025, 8:26 - atualizado em 25 mar 2025, 8:36
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(Imagem: Banco Central/Antônio Cruz)

O Comitê de Política Monetária (Copom) afirma que as incertezas em torno de políticas nos Estados Unidos têm impacto sobre expectativas e inflação, além de restringirem novos investimentos. Segundo os diretores, parte dessa deterioração já está se materializando.

Na ata da última reunião divulgada nesta terça-feira (25), o Comitê diz que o ambiente externo segue desafiador “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos”.

“Além das incertezas inerentes à conjuntura econômica, há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, abrangência e intensidade da elevação das tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”.

“A incerteza em torno de tais políticas já restringe novos investimentos e tem impacto sobre atividade. De forma análoga, a incerteza sobre a implementação das tarifas também tem impacto sobre expectativas, determinação de preços e inflação”, concluem.

Além disso, os diretores afirmam que a decisão de elevar a Selic em 1 p.p. se deu pelo cenário de “desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”.

Na reunião da semana passada, o Comitê elevou a Selic em 1 ponto percentual (p.p.), para 14,25% ao ano. Além disso, eles anteciparam uma nova alta de juros de menor magnitude na próxima decisão.

O comunicado do Copom

Na ata, o Copom esclarece que optou por conjugar três sinalizações sobre a condução de política monetária.

“Primeiramente, julgou que, em função do cenário adverso para a dinâmica da inflação, era apropriado indicar que o ciclo não está encerrado. Em segundo lugar, em função das defasagens inerentes ao ciclo monetário em curso, o Comitê também julgou apropriado comunicar que o próximo movimento seria de menor magnitude. Além disso, diante da elevada incerteza, optou-se por indicar apenas a direção do próximo movimento”.

Para as próximas decisões, os diretores dizem que acompanharão o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços; o repasse do câmbio para a inflação, após um processo de maior volatilidade da taxa de câmbio; e as expectativas de inflação, que apresentaram desancoragem adicional e são determinantes para o comportamento futuro.

“Enfatizou-se que os vetores inflacionários seguem adversos, como hiato do produto positivo, a inflação corrente mais elevada e as expectativas de inflação mais desancoradas”, afirmam.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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