Ata do Copom: O que diz sobre o futuro da Selic? Veja avaliação de economistas
O Banco Central divulgou nesta terça-feira (26) a ata referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que a autarquia realizou mais um corte de 0,50 ponto percentual (p.p) na Selic, a taxa básica de juros.
O comunicado “puxa a orelha” em relação ao fiscal, destacando a importância da firme persecução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação — que estão desancoradas e acima do esperado, o que traz preocupação para os dirigentes.
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“O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”, diz o texto.
Vale lembrar que, na semana passada, não passou batido o fato de o BC citar que o comitê antevê “redução de mesma magnitude na próxima reunião”.
“O fato de citarem que esperam mais um corte de juros na ‘próxima reunião’ no singular, e não no plural, deixa um clima de incerteza do que pode acontecer nas próximas reuniões. Mas também penso que pode ser apenas uma forma de comunicar para que o governo mantenha os objetivos fiscais”, avalia Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital.
O que ata do Copom diz sobre futuro da Selic?
Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, destaca o foco da ata na preocupação com a inflação e dinâmica da economia. Para ele, a conclusão é de que o Comitê está abrindo mão de sinalizar com precisão uma trajetória futura para os juros.
“O texto limitou-se a confirmar o corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião, agendada para maio. No entanto, o Copom deixará de sinalizar o comportamento dos juros para além desse encontro, de maneira a evitar ruídos na comunicação com o mercado”, avalia.
Os analistas David Beker e Natacha Perez, que assinam relatório do Bank of America (BofA), pontuam que o cenário base do banco é de cortes de 50 pontos-base nas próximas duas reuniões, que ocorrem em maio e junho, com um corte final de 25 pontos-base em julho.
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“Contudo, o risco de redução do ritmo de flexibilização monetária para 25 pontos-base em junho aumentou substancialmente”, avaliam. No geral, o BofA segue com estimativa de que a Selic irá encerrar 2024 em 9,50%.
Os analistas também apontam o foco da ata em destacar as preocupações com inflação, bem como riscos vindos do exterior, com a incerteza sobre o início do ciclo de flexibilização e a desinflação nas economias desenvolvidas.
Na avaliação de Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, a ata elaborou mais os motivos para a notada retirada do plural.
“O comitê vê motivos para sustentar um consumo resiliente e a avaliação é de que os aumentos de salários podem estar ligados ao aperto do mercado de trabalho. A produtividade é um elemento, mas trouxeram uma argumentação do RTI de dezembro que mostra melhora da produtividade apenas na agricultura, o que não justifica a alta de salários disseminada entre setores”, avalia.
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Sobre os próximos passos, ela aponta que a autarquia destacou que a retirada do plural não se deve à mudança do cenário base, mas, sim, ao aumento da incerteza. Nogueira explica que, após o corte de 0,50 p.p em maio, a decisão em junho está em aberto, visto que a ata indica redução do ritmo para 0,25 p.p por reunião, se não houver redução da incerteza.
“É importante notar que a reunião do FOMC será no mesmo dia e aqui poderemos ter uma incerteza a menos se o Fed entregar o corte na reunião de junho. Nosso cenário base permanece de taxa Selic terminal de 9,5% e corte de 50 bps em junho”, conclui.