Haddad diz que coesão entre ata do Copom e comunicado que interrompe cortes na Selic é boa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira (25), “está muito aderente” ao comunicado da semana passada. “Não tem nada de muito diferente do comunicado, o que é bom”, disse.
Na ata, o Comitê do Banco Central destacou o cenário global, que segue incerto, e o doméstico, marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela.
“[..] transmite a ideia de que está havendo uma interrupção para avaliar o cenário interno e externo para que o Copom fique à vontade para tomar decisões a partir de novos dados”, afirmou o ministro a jornalistas.
Quando questionado sobre uma eventual volta do aperto monetário, ele destacou que a indicação de “interrupção” nos cortes é importante ser frisada.
Em relação à inflação, Haddad vê uma pressão em função às enchentes do Rio Grande do Sul. “Está afetando, mas é uma inflação que afeta o curto prazo”, destacou.
“O horizonte do Banco Central é de médio a longo prazo. Não faz sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para política monetária. O juro de hoje está afetando de 12 a 18 meses para frente”, pondera.
Lula critica postura do Banco Central
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a condução da política monetária. Em entrevistas a rádios locais, Lula disse que é “uma pena” que o Copom tenha mantido a Selic no patamar de 10,50% ao ano. “Quem perde é o povo do Brasil”, lamentou.
O presidente também se mostrou insatisfeito com a postura do sistema financeiro: “o sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção. Ele está preocupado em especular e é por isso que a taxa de juros fica a 10,50% sem nenhuma explicação”.
Em outra ocasião, Lula direcionou as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo ele, há um “problema sério”: “o presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e do modelo de governança que nós fazemos”.
O presidente ainda ressaltou que, ao indicar outra pessoa para o cargo, “as coisas vão voltar a normalidade”. O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro deste ano.
Acabaram os cortes na Selic?
Na ata do Copom de hoje, os diretores avaliam que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente para consolidar o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas em torno das metas.
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“Eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, dizem.
Os diretores explicam que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.