Ata do Copom: Economistas dizem que ciclo de altas da Selic depende do fiscal; ‘pode se estender pelo 1º tri de 2025’
A ata do Copom, divulgada na manhã desta terça-feira (12), manteve o tom hawkish (duro) já observado nos últimos comunicados do Comitê. O documento refere-se à reunião em que o Banco Central optou elevar a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 11,25% ao ano.
A ata mostra que os diretores seguem preocupados com a desancoragem das expectativas de inflação. A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, explica que as expectativas, combinadas com a atividade aquecida e, agora, o câmbio desvalorizado, devem resultar em um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima da meta por mais tempo.
O Comitê, inclusive, indicou que pode prolongar o ciclo de aperto monetário se as expectativas de inflação continuarem a se deteriorar.
A ata também menciona o impacto do risco fiscal nos prêmios no mercado e no cenário de inflação e a necessidade de ajustes nas políticas anticíclicas. “Sem um arcabouço fiscal crível, o custo para levar a inflação para a meta será maior”, explica Vitória.
- O que a ata do Copom mostra sobre os próximos passos do Banco Cental? Assista ao Giro do Mercado ao vivo às 12h e fique por dentro das análises!
O Copom ainda avisa que a política monetária contracionista pode ser mais longa que o esperado — “ou seja, juros vão continuar subindo no cenário de incerteza”, afirma.
O Inter mantém a projeção de altas de 0,50 p.p. nas reuniões do Comitê em dezembro e janeiro, levando a Selic a 12,25%.
“O início de 2025 pode ter algum alívio caso o governo anuncie e aprove um pacote de medidas fiscais que de fato contenha uma futura expansão de gastos, não só em 2025, mas corrigindo regras expansionistas que podem continuar impactando após 2026. Caso a incerteza fiscal se prolongue, o ciclo de alta pode se estender pelo primeiro trimestre de 2025”, diz.
Em linha, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, e sua equipe avaliam que o Copom sinalizou que a manutenção de um ritmo de 0,50 p.p. é apropriada, considerando as condições econômicas atuais e as incertezas prospectivas. “Portanto, o comitê parece inclinado a manter o ritmo atual de aperto, por enquanto”, dizem.
No entanto, o Itaú também não descarta as chances de que as condições econômicas e expectativas de inflação exijam uma aceleração do ritmo em breve, a depender do rumo do fiscal.