Bancos

Ata do BCE revela divisões nas perspectivas para inflação

20 jan 2022, 10:23 - atualizado em 20 jan 2022, 10:23
A decisão não foi unânime, no entanto, e a ata publicada nesta quinta-feira revelou profundas diferenças em relação às perspectivas, com várias autoridades mencionando que a inflação corre o risco de superar as expectativas (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

Autoridades do Banco Central Europeu observaram no mês passado o risco de a inflação se manter acima da meta e argumentaram que o banco deve estar igualmente aberto tanto ao aperto quanto à flexibilização da política monetária, mostrou a ata da reunião de 16 de dezembro, divulgada nesta quinta-feira.

O BCE reduziu a quantidade de estímulo que está injetando na economia da zona do euro na reunião, mas ampliou sua compra de títulos até pelo menos o fim de 2022, argumentando que a inflação deve cair abaixo de sua meta de 2% até o final do ano.

A decisão não foi unânime, no entanto, e a ata publicada nesta quinta-feira revelou profundas diferenças em relação às perspectivas, com várias autoridades mencionando que a inflação corre o risco de superar as expectativas.

“Foi advertido que um cenário de inflação ‘mais alto por mais tempo’ não pode ser descartado”, disse o BCE na ata.

“Para 2023 e 2024, a inflação na projeção de base já estava relativamente próxima de 2% e, considerando o risco de alta para a previsão, pode facilmente subir acima de 2%.”

Cinco dos 25 membros do Conselho se opuseram às medidas de política monetária de dezembro, um grupo incomumente grande de dissidentes para um órgão que normalmente busca consenso e nem sempre faz votos formais, disseram fontes à Reuters anteriormente.

“Foi enfatizado que o Conselho deve destacar sua disposição de ajustar todos os seus instrumentos conforme apropriado, em qualquer direção, para estabilizar a inflação em 2% no médio prazo”, completou o BCE.

As diferenças parecem ter girado em torno da duração do atual salto da inflação, segundo a ata.

A principal visão do banco é que a inflação –agora em um pico recorde de 5%, mais que o dobro da meta do BCE– diminuirá por conta própria, sem ação de política monetária.

Mas um número crescente de autoridades teme que o aumento, mesmo que temporário, dure o suficiente para estimular uma aceleração no crescimento dos salários e elevar a inflação de preços ao consumidor acima da tendência de longo prazo e, possivelmente, acima da meta do BCE.

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