Assediados por Lira, DEM e PSDB racham em apoio a Baleia Rossi na disputa ao comando da Câmara
As bancadas do DEM e do PSDB racharam no apoio que havia se comprometido anteriormente a dar a candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, em meio ao assédio da campanha de Arthur Lira (PP-AL).
Até o início tarde, segundo a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, ainda não havia sido concluído o processo de formalização dos blocos partidários que vão apoiar as candidaturas de Lira, Rossi e de outros deputados.
Esses blocos partidários são importantes para definir, além do candidato a presidente, a distribuição dos demais integrantes nos cargos da Mesa Diretora. A eleição está prevista para começar às 19h, em votação secreta.
A expectativa era que essa aliança MDB–DEM–PSDB na sucessão da Câmara fosse uma espécie de prenúncio da articulação que se pretende fazer para a sucessão de 2022.
Uma fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters que o DEM, partido do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ), deixou de apoiar a candidatura de Baleia Rossi, mas não entrará em nenhum bloco partidário.
A campanha de Lira chegou a enviar uma mensagem anunciando que o DEM iria formalizar apoio à chapa dele. Lira é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas isso não prosperou.
“Diante do racha foi a melhor solução encontrada para tentar unidade e coesão”, disse essa fonte, ao mencionar que, se isso ocorresse, teria de ceder a vaga de candidato à Primeira Vice-Presidência para o PT.
A reviravolta no DEM fez Rodrigo Maia ameaçar nos bastidores deflagrar um processo de impeachment de Bolsonaro no seu último dia de presidente da Câmara e também deixar a legenda, confirmou essa fonte. Mas a avaliação é que ele não teria espaço em outra legenda e que essa discussão de impeachment “só vai tumultuar”.
Apesar de o DEM não aderir oficialmente à candidatura de Lira, a expectativa é que na bancada a maioria dos integrantes apoie o candidato do PP em detrimento de Baleia Rossi.
No PSDB, partido do governador de São Paulo, João Doria, potencial adversário de Bolsonaro em 2022, chegou a ser dada como certa a saída da bancada da aliança com o deputado do MDB.
No momento em que estava certo o desembarque do PSDB da candidatura de Rossi, o partido parecia ter optado pelo “meio do caminho”, disse à Reuters o ex-presidente da legenda José Aníbal, que é membro da Executiva Nacional do partido.
Reclamando da falta de apoio a Rossi, Aníbal disse que o movimento se dava não por um projeto de gestão da Câmara, mas por emendas, dinheiro e cargos. “Impressionante, pior que está chegando na xepa”, criticou.
Posteriormente, Aníbal confirmou que o PSDB havia decidido manter o apoio a Baleia Rossi.