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Asiáticas Shopee e Ali Express podem provocar perturbações no Magazine Luiza?

16 set 2021, 14:30 - atualizado em 16 set 2021, 14:38
Magazine Luiza
Diante dessa “invasão” de novas empresas, como ficam as empresas brasileiras, como o Magazine Luiza? (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O Brasil virou um grande chamariz para empresas de e-commerce. Esse segmento, no geral, ainda tem pouca penetração, o que abre oportunidade de ouro para as companhias. E as gigantes asiáticas, como a Ali Express, já perceberam isso. 

A Shoppe, de Cingapura, por exemplo, é o aplicativo de comércio eletrônico mais baixado do Brasil, ganhando usuários para seu marketplace de baixo custo com uma abordagem revolucionária para o e-commerce: minigames dentro do aplicativo que oferecem cupons para atrair usuários.

A empresa também tem investido pesado em marketing. Um comercial estrelado pelo astro chinês de Hollywood Jackie Chan viralizou nas redes recentemente.

Diante dessa “invasão”, como ficam as empresas brasileiras, como o Magazine Luiza (MLGU3)?

Para a Ágora Investimentos, em relatório enviado a clientes, apesar das asiáticas não terem as vantagens competitivas que o Magazine possui – como logística eficiente, uma rede de lojas estratégica e uma marca forte – e que dificilmente vão consumir a participação de mercado de longo prazo, “esses players têm o potencial de causar perturbações no curto prazo (como já estamos vendo no caso dos custos de marketing)”. 

“Suspeitamos que este seja um problema que pode continuar pesando nas ações, especialmente no atual ambiente de incerteza macro”, aponta.

No ano, os papéis do Magazine acumulam queda de 34,95%, juntos com outras varejistas, em meio a um cenário mais difícil da economia e o aumento de disputa pelo e-commerce. 

“Achamos que a principal preocupação do mercado para os nomes do comércio eletrônico no Brasil em geral, incluindo o Magazine Luiza, é a competição. Já existe uma forte competição entre as quatro maiores plataformas, e isso parece ter sido intensificado este ano pela Shopee e Ali Express”, completam.

Base de comparação mais desafiadora

De acordo com os analistas Richard Cathcart e Flávia Meireles, que assinam o relatório, a queda dos papéis de 8% na última sexta-feira pareceu exagerada, após a consultoria Yipit soltar dados que indicam uma desaceleração no crescimento do GMV (receita bruta de mercadoria) do Magalu de julho a agosto.

A própria administração reforçou que o mês foi a base de comparação mais difícil ao longo de 2020, portanto, uma desaceleração sequencial deveria ser esperada.

“Além disso, o fato de o Magalu ter continuado a crescer é uma surpresa positiva em relação à visão pessimista sobre o crescimento que estabelecemos no início do ano e o motivo pelo qual revisamos nossas estimativas de crescimento do GMV para cima”, completam. 

Para além desse pessimismo, a dupla afirma que a elevação do número de vendedores, para 100 mil, no seu marketplace é uma ótima notícia e mostra que a varejista está no caminho certo.

“Um ponto que a administração destacou é que o perfil dos vendedores é muito diferente daqueles que vêm sendo recrutados pelos concorrentes, principalmente pelos novos entrantes, portanto, não se sentem uma ameaça competitiva nessa área”, lembram.

Mesmo com pontos positivos do Magalu, a Ágora continua cética em relação à ação (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Apesar dos pesares…

Mesmo com pontos positivos do Magalu, a Ágora continua cética em relação ao papel.

“Além da concorrência, temos tido uma visão cautelosa sobre Magalu desde o início do ano devido ao valuation e nossa visão cautelosa sobre o crescimento”, dizem.

Apesar disso, os analistas afirmam que ambos os problemas melhoraram desde então – o crescimento se manteve melhor do que o projetado, e o múltiplo EV/GMV (valor da firma sobre receita geral bruta) do Magalu em 12 meses foi reduzido de cerca de 3x para cerca de 2x.

“Portanto, achamos que a relação risco/retorno está mais atraente do que no início do ano, mas mantemos uma recomendação neutra por enquanto, à medida que revisamos toda as ações da nossa cobertura de comércio eletrônico, após a queda mais acentuada das ações da companhia e do setor nas últimas semanas”, concluem. 

A Ágora aproveitou o momento para revisar o preço-alvo da varejista de R$ 27 no final de 2021 para R$ 25 até 2022, o que implica potencial de alta de 64%.