As perspectivas econômicas da China para 2025
Em 2025, as incertezas causadas pelas guerras, turbulências políticas e econômicas globais, somadas às políticas do novo governo americano, levarão a China a focar no fortalecimento de sua demanda interna, acelerar reformas regulatórias estruturais e ampliar a abertura econômica para sustentar seu crescimento, atualmente em 5%.
A política de “America First” e as mudanças constantes nas declarações do novo governo dos Estados Unidos sobre regras comerciais representam uma ameaça aos países que se veem arrastados para essa dinâmica. Para reduzir essas incertezas, as maiores economias do mundo têm buscado, paralelamente, novas alianças comerciais e financeiras, visando adaptar-se a um cenário global com “menos” influência dos norte-americanos.
Vários novos tratados comerciais estão sendo negociados. A União Europeia, por exemplo, assinou recentemente um acordo com o Mercosul. O México e o Canadá também estão explorando alternativas para suas exportações. Já os países membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), além de Japão e Coreia do Sul, têm prospectado novos termos comerciais com a China. Paralelamente, diversos acordos bilaterais estão sendo estruturados.
Entre os países emergentes, o fortalecimento do Brics Plus tem sido notável. Na última cúpula do bloco, realizada na Rússia, o presidente Vladimir Putin anunciou o lançamento da “moeda Brics“. O objetivo não é substituir o dólar americano, mas oferecer uma alternativa para o comércio global e como moeda de reserva internacional.
Essas estratégias de redução da dependência dos Estados Unidos já estão trazendo efeitos positivos para algumas economias. Nos últimos dias, o presidente Donald Trump demonstrou preocupação com essas iniciativas, que podem reduzir a dominância americana no cenário global.
- Trump, dólar, juros e ações americanas: Veja quais são as perspectivas para o mercado internacional em 2025, no Giro do Mercado:
O papel da China em 2025
Neste contexto, a China continuará priorizando sua autonomia econômica e tecnológica, focando na economia real, enquanto mantém a abertura de seu mercado doméstico para empresas estrangeiras, contribuindo para a globalização.
Embora as metas econômicas oficiais da China para 2025 só sejam divulgadas no final de março, há sinais claros de direções estratégicas para reformas estruturais no próximo ano:
- Estabilização da Crise Imobiliária e Dívidas Locais
O governo chinês lançou diversas medidas no último trimestre de 2024. Entre elas, a liberação de restrições para compra de imóveis por moradores de diferentes cidades e a injeção de recursos para governos locais adquirirem prédios vazios, que estão sendo convertidos em moradias sociais. Além disso, as dívidas ocultas de governos locais estão sendo reestruturadas com suporte do governo central, o que melhora a capacidade de investimento das províncias. - Maior Participação de Empresas Privadas
A China busca incentivar o setor privado, reduzindo gradualmente a intervenção estatal e promovendo pacotes para pequenas e médias empresas. A intenção é fomentar inovações tecnológicas e criar novos modelos de negócios, especialmente em manufatura, turismo, educação e serviços financeiros. - Reformas Institucionais
Para atrair mais capital estrangeiro, o país pretende implementar reformas que aumentem a proteção à propriedade intelectual, proteção de dados e regras fiscais. Também estão previstos incentivos para investimentos em marcas e produtos culturais, além de setores tradicionais como tecnologia e manufatura. - Maior Flexibilidade Cambial
Com o dólar americano se mostrando cada vez mais volátil, a China deve ampliar a banda de oscilação da taxa de câmbio do RMB para absorver choques externos. - Abertura do Mercado Financeiro
A China tem avançado na regulação de ativos digitais e na integração com mercados globais. Em 2024, Hong Kong consolidou-se como um importante hub de criptomoedas, destacando-se ao lado de centros como Singapura e os Emirados Árabes Unidos.
Impactos no Brasil
Para o Brasil, será mais relevante monitorar as políticas econômicas, comerciais e a taxa de juros dos Estados Unidos em 2025 do que as estratégias chinesas, que visam manter um crescimento estável.
As declarações da equipe econômica de Trump sugerem que, para controlar a inflação americana, os EUA pressionarão por redução de preços nos mercados de energia, petróleo e commodities agrícolas. Essas ações podem impactar negativamente o setor externo brasileiro.
Portanto, assim como outras economias globais, o Brasil precisa se preparar para os efeitos das políticas americanas, fortalecendo sua economia interna. Superar o déficit público e focar no crescimento doméstico será essencial para garantir um desempenho positivo em 2025.
*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.