As perguntas sem respostas por trás do novo aplicativo de Jair Bolsonaro
A poucos meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou nesta segunda-feira (24) o lançamento do aplicativo “Bolsonaro TV”. O “novo aplicativo de informações” reunirá todas as mensagens, fotos e vídeos publicadas pela família Bolsonaro em um só lugar.
Ao acessar o aplicativo, o usuário poderá abrir as publicações em suas próprias redes sociais e até mesmo compartilhá-las diretamente do app. Apesar dos planos de disponibilizar as redes de todos os membros da família, até o momento, apenas o perfil do próprio presidente está disponível.
Nos termos de uso e privacidade do aplicativo, o responsável pelo programa é Rogerio Cupti de Medeiros Junior, atual assistente do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Não há informações sobre qual empresa foi responsável pelo desenvolvimento tecnológico da aplicação.
Além disso, os termos de uso também isentam o aplicativo de Bolsonaro de qualquer responsabilidade sobre os conteúdos transmitidos na plataforma.
“Os conteúdos transmitidos pelos aplicativos tais como a transmissão da programação de rádios AM, FM, programações televisivas e afins são de responsabilidade de seus idealizadores. A Bolsonaro TV isenta-se de qualquer responsabilidade direta ou indireta sobre estes conteúdos e o acesso aos mesmos é facultativo ao usuário”, diz trecho do documento.
Falta de informações
Na quinta-feira (25), um dia após o anúncio do lançamento de aplicativo, Partido Democrático Trabalhista (PDT) protocolou uma medida cautelar junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a fim de obter mais informações sobre o desenvolvimento de aplicativo e se houve o investimento de dinheiro público em sua realização.
“Diante desse gap informativo, os canais de comunicação solicitaram informações ao Planalto sobre o financiamento do aplicativo, especificamente para saber se houve a utilização de dinheiro público na produção do aplicativo, bem como sobre o montante que foi aplicado”, destacou o pedido de legenda.
Com a aproximação das eleições, o PDT de Ciro Gomes se preocupa com a articulação de estratégias digitais para disseminação de fake news pelo presidente e sua base eleitoral.
“A unificação de informações sobre a família Bolsonaro potencializará a difusão do arsenal de fake news arquitetado pelo presidente da República e por todos aqueles da sua estirpe, em ordem a macular a integridade do regime democrático”.
De acordo com a assessoria de imprensa do TSE, a medida cautelar ainda está sendo processada pelo tribunal e não tem previsão de quando irá ao plenário da corte. “O que cabe aos partidos, como feito pelo PDT, é provocar o TSE, as medidas a partir daí serão tomadas pelos órgãos competentes”, declarou.
O Money Times solicitou esclarecimentos à Secretaria Especial de Comunicação Social do Planalto, mas não obteve respostas até o momento.