Comprar ou vender?

As melhores ações de varejo para ter durante a fase mais aguda da Covid

13 mar 2021, 16:27 - atualizado em 13 mar 2021, 16:38
Consumo Alimentos Supermercado
Supermercados e artigos farmacêuticos se destacam, com alta de 13% em relação ao ano passado (Imagem: Reuters/Ajeng Dinar Ulfiana)

Analistas de varejo já ascendem o sinal amarelo para o setor diante da escalada de casos da Covid, que obriga governos estaduais a fecharem comércios e diminuírem a circulação de pessoas.

Janeiro traz alguns dados preocupantes. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo caiu 0,2% em relação a dezembro e 0,3% ante mesmo período de 2020. O desempenho ficou levemente abaixo do esperado pelo mercado.

Ainda segundo o levantamento, houve uma desaceleração do crescimento em todas as categorias, exceto artigos de uso pessoal e doméstico. O setor de vestuário e calçados foi o que mais sofreu: desabou 21% no ano.

Apesar disso, supermercados e artigos farmacêuticos se destacam, com alta de 13% em relação ao ano passado.

Com base nesses números, os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Marco Nardini, da XP Investimentos, traçaram os principais desafios do setor e quais ações ter nesse momento.

Semiduráveis e o baixo desempenho

Segundo a equipe de varejo, os números fracos do segmento podem ser explicados pelo fim do auxílio emergencial somado ao aumento de incertezas em relação à Covid-19.

“Acreditamos que a dinâmica de curto prazo da categoria pode seguir desafiadora decorrente do aumento de incerteza macro e a ausência do auxílio emergencial até pelo menos o segundo trimestre, quando deve entrar em vigência o novo auxílio”, argumentam.

A equipe lembra ainda que os números das empresas continuarão fortes, mesmo com o fim do auxílio emergencial (Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Para eles, a Lojas Americanas (LAME4) e a B2W (BTOW3) são boas opções, devido a um sortimento mais diversificado, base de comparação mais fácil e políticas mais atrativas para os sellers da sua plataforma.

“Além disso, temos a expectativa de eventos positivos ao longo do ano, como a evolução da fusão da LAME/BTOW, anúncios de fusões e aquisições e avanço na parceria com a BR (BRDT3)”, apontam.

Supermercados e a resiliência

Os analistas acreditam que os resultados dos supermercados devem seguir sólidos no curto prazo, “uma vez que a campanha de vacinação ainda está restrita aos grupos prioritários e as pessoas continuam em grande parte em casa”.

A equipe lembra ainda que os números das empresas continuaram fortes, mesmo com o fim do auxílio emergencial, o que mostra que a performance do setor não tem uma correlação tão direta com o benefício.

“Nossa preferência no segmento é o Assaí (ASAI3), por vermos muito potencial de crescimento com o papel negociando a um múltiplo atrativo (em 15,5x P/L 2021)”, observam.

Com a retomada econômica, vestuário e calçados serão um dos principais beneficiários da volta à normalidade (Imagem: REUTERS/Eloisa Lopez)

Vestuário e calçados: ainda dá para apostar?

Como os dados demostram, vestuário foi duramente atingido pelo aumento de casos de Covid.

“Continuamos com uma visão cautelosa de curto prazo para o setor uma vez que as restrições tem se tornado cada vez mais severas, o que impacta fortemente a categoria”, dizem.

Mesmo assim, a equipe não descarta o segmento e aposta que com a retomada econômica, vestuário e calçados serão um dos principais beneficiados pela volta à normalidade.

“Acreditamos que haja uma demanda reprimida por roupas e acessórios, uma vez que essa categoria foi despriorizada em 2020 e deve voltar ao foco à medida que as pessoas voltam a ter motivos para renovar seu guarda-roupa”, afirmam.

Para esse segmento, os analistas recomendam o Grupo Soma (SOMA3), “uma empresa com maior exposição ao canal digital e ao segmento de vestuário de luxo”.

Os analistas afirmam que a transformação das farmácias como um hub de saúde deve ser consolidada (Imagem: Linkedin/Panvel)

Farmácias saíram fortalecidas

As farmácias ampliaram o leque de produtos, principalmente dos diferentes testes de Covid-19, e se saíram bem durante a crise.

“Esperamos que a performance da categoria siga resiliente no curto prazo, apesar de podermos ver alguma desaceleração mais forte devido às restrições implementadas em lojas de shopping”, argumentam.

Além disso, os analistas afirmam que a transformação das farmácias como um hub de saúde deve ser consolidada. A possibilidade da vacinação em drogarias reforça essa tendência.

“Nossa preferência no segmento é Pague Menos (PGMN3), por acreditarmos que a companhia deve continuar a apresentar resultados sólidos ao passo em que as diversas iniciativas internas são traduzidas em melhoria de vendas e/ou rentabilidade”, observam.