As melhores pagadoras de dividendos da bolsa: 19 analistas escolhem as ações para lucrar em dezembro; veja
Parecia que tudo iria bem com o pacote de fiscal. Afinal, tratava-se de corte de gastos para colocar ordem nas contas do governo. Porém, o tiro saiu pela culatra e estourou na ‘cara’ da equipe econômica. A economia de R$ 70 bi em dois anos não foi suficiente, enquanto a isenção do Imposto de Renda para quem ganha R$ 5 mil caiu como uma ‘bomba fiscal’, com o mercado cético quanto à sustentabilidade da medida.
O governo jura que a isenção, promessa de campanha do presidente Lula, não terá impactos, já que haverá aumento de impostos para quem ganha mais de R$ 50 mil, mas o sentimento é de desconfiança. Resumo da ópera: o Ibovespa afundou, o dólar e as taxas de juros dispararam, enquanto economistas já vislumbram Selic a 14%.
Nesse cenário, o receituário pede empresas mais resilientes e que gerem bom fluxo de caixa, as chamadas pagadoras de dividendos. Pensando nisso, o Money Times compilou carteiras das principais casas de análise, bancos e corretoras do Brasil para saber as ações em que analistas estão apostando para ganhar dinheiro com dividendos.
O levantamento levou em consideração as informações das carteiras de ações divulgadas por 19 instituições. Para dezembro, foram indicadas 44 ações, somando 143 recomendações.
Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Ativa Investimentos, Andbank, BB Investimentos, BTG Pactual, Daycoval, Empiricus Research, Genial Investimentos, Itaú BBA, My Cap, Nova Futura, PagBank, Planner, Rico, Safra, Santander, Terra Investimentos, Toro Investimentos e XP Investimentos.
Veja as mais indicadas:
Empresa | Ticker | Indicações |
---|---|---|
Petrobras | PETR4 | 13 |
Vivo | VIVT3 | 9 |
Cemig | CMIG4 | 9 |
Banco do Brasil | BBAS3 | 8 |
Vale | VALE3 | 8 |
Copel | CPLE6 | 6 |
BB Seguridade | BBSE3 | 6 |
Petrobras, sempre ela
A Petrobras ganhou ainda mais força após revelar o seu plano de negócios para os próximos anos com a previsão de dividendos generosos. Segundo o BTG, o sentimento é de ‘alívio’, com a percepção de que a curva de investimentos não compromete a capacidade de sustentar pagamentos robustos de dividendos no futuro.
“A empresa está crescendo (4% CAGR nos próximos 5 anos), e este crescimento proporciona um ROIC (retorno de capital) marginal maior, uma vez que os custos de exploração/produção do seu principal motor de crescimento – o pré-sal – estão entre os menores globalmente”, afirma.
Além disso, os analistas destacam que exposição da tese ao dólar acaba sendo um ponto de proteção ao portfólio nesse momento de um real desvalorizado.
“Com as ações sendo negociadas com um valuation descontado e oferecendo uma forte geração de caixa (FCFE) e custos mais baixos, a Petrobras é a opção mais segura em nossa cobertura de petróleo e gás”
O Safra, que colocou a empresa na carteira nesse mês, disse que os resultados continuarão robustos no curto e médio prazo e a empresa manterá uma boa capacidade de distribuição de dividendos.
“Adicionalmente, PETR oferece um valuation atrativo, vemos suas ações negociando com desconto versus suas pares internacionais e sua média histórica”.
Analistas da Ágora Investimentos acreditam que a tese para o investimento em Petrobras segue ancorada nas expectativas de retorno total ao acionista através da distribuição de bons dividendos.
Neste sentido, afirmam que a petrolífera segue com boa geração de caixa e estimam um rendimento médio de dividendos jutos de 12% para os próximos cinco anos.
Ainda, a Ágora recorda que, junto ao Plano Estratégico divulgado em novembro, a Petrobras elevou sua meta de dívida bruta para US$ 75 bilhões e reduziu seu nível mínimo de caixa para US$ 6 bilhões, abrindo espaço para o pagamento de dividendos elevados, mesmo que os preços do petróleo caíssem para cerca de US$ 60/barril.
Alô, Vivo
Figurinha carimbada entre empresas de dividendos, a Vivo negocia a 13,8 vezes o preço sobre o lucro (P/L) para 2025, um prêmio em relação às empresas de telecomunicações integradas globais (11x) e à TIM (11x).
Nos cálculos do BTG, o yield de dividendos para 2025 é de 8,8%, acima das telecom dos EUA (5%) e abaixo da TIM (10%).
“Para investidores que buscam ações mais seguras, a Vivo é uma boa opção, especialmente se o mercado tiver um desempenho inferior. As empresas de telecomunicações possuem modelos de negócios estáveis”, diz o banco.
Na visão do Santander, o momento operacional da Vivo deve continuar melhorando ao longo dos próximos meses, “pois esperamos que todas as unidades de negócios continuem mostrando fortes tendências”.
“No segmento móvel, a combinação de adições líquidas robustas e um ambiente de precificação racional deve permitir que a Vivo cresça acima da inflação, em nossa opinião”.
Cemig
A elétrica mineira completa o pódio. Segundo o Safra, a companhia passou recentemente por um processo de virada de operações, com foco no desinvestimento de ativos não essenciais e melhoria nas operações em seu braço de distribuição, o que melhorou bastante a sua eficiência.
“A boa performance em seu braço de trading e iniciativas de corte de custos poderiam representar um risco positivo para as nossas estimativas, enquanto discussões relativas ao processo de privatização poderiam guiar o desempenho das ações”.
No mês passado, o governo de Minas enviou projeto de privatização para Assembleia Legislativa, mas parte do mercado acha difícil o projeto ser aprovado.
Adicionalmente, o banco vê a Cemig negociando a um múltiplo atrativo de 8,1x preso sobre o lucro (P/L) 2025, oferecendo uma TIR (taxa interna de retorno) real de 7,1% e um forte dividend yield de 9,9% para o ano.