As grandes marcas irão arruinar o metaverso?
Conforme noticiado pelo Decrypt, as grandes marcas mundiais estão adentrando o mundo cripto quase ao mesmo tempo. A Pepsi já lançou sua primeira coleção de tokens não fungíveis (NFTs), com diversos microfones com logo da Pepsi como nariz.
A Budweiser adquiriu um NFT e um nome de domínio da Ethereum, e aproveitou para mudar seu usuário no Twitter para “beer.eth”.
Na rede social, após o lançamento da coleção da Pepsi, a companhia de cerveja escreveu: “Bem-vinda, empresa-amiga. WAGMI”. WAGMI é a sigla em inglês da frase “Nós vamos conseguir” (“We are going to make it”).
A entrada da concorrente da Coca-Cola foi comentada também pelo Meta, antigo Facebook, que disse “Isso ficará ótimo no metaverso.”
Embora a interação entre as grandes empresas tenha sido algo comemorado por elas, o mesmo não pode ser dito para alguns usuários cripto. Um deles, no Twitter, escreveu: “Só destrua tudo isso”. Já outro usuário disse: “Nós nos tornamos aquilo que estávamos prontos para destruir”.
Segundo o Decrypt, a entrada de grandes corporações no mundo cripto não parou por aí. Adidas adquiriu um NFT da coleção Bored Ape, e anunciou um projeto de metaverso com Bored Ape Yacht Club. Nessa semana, Nike adquiriu o estúdio de metaverso RTFKT.
Um embate parece estar se formando. Assim como alguns gamers ficaram irritados com a inserção de cripto nas plataformas que acessam, a revolta pode caminhar no sentido contrário: usuários de cripto podem ver que as marcas estão em uma corrida para adentrarem a Web 3.0 e perceber que isso pode torná-la desagradável.
De acordo com o Decrypt, até o ator Keanu Reeves opinou contra a tentativa do Facebook de tomar para si a palavra “meta”. O ator de Hollywood pediu: “Podemos só fazer com que o metaverso não seja criado pelo Facebook? O conceito de metaverso é muito mais antigo que isso.”
Mas e quanto à tecnologia?
Além de tentarem usar a linguagem típica do mundo cripto, as companhias estão em outra corrida: a de reivindicar propriedade no metaverso.
No entanto, segundo o Decrypt, a ideia de se ter áreas controladas por corporações centralizadas é considerada antiética e caminha na contramão do propósito de metaverso.
A entrada de Big Techs, como Facebook e Tencent, no metaverso foi comentada inclusive pelo presidente da Animoca Brands, Yat Siu, que disse que essas companhias representam a maior ameaça ao mundo virtual. Além de Siu, Tim Sweeney, CEO da Epic Games, afirmou que nenhuma companhia pode ser dona do metaverso.
Se todas as companhias adquirirem um nome “.eth”, isso tornará menos legal ter um desses nomes?
Se você acreditar que o metaverso é real e que fará parte do futuro, então o movimento de empresas em massa não deveria preocupar os usuários, pois seria algo que, eventualmente, todos fariam parte.
Mas, mesmo assim, isso não torna mais fácil olhar para uma série de microfones da Pepsi sem “torcer o nariz”.