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As duas commodities que devem liderar a transição energética no Brasil

20 nov 2024, 12:00 - atualizado em 21 nov 2024, 11:43
commodities transição energética
(iStock.com/kontrast-fotodesign)

Etanol de milho e biometano devem ganhar espaço no mercado de transição energética nos próximos anos, prevê a Trígono Capital, em sua resenha mensal.

Segundo Pedro Resende, analista de renda variável da gestora, o aumento da produção do biocombustível deve se dar pelo milho e não pela cana-de-açúcar. Para o etanol de milho, a expectativa é de investimentos em volumes maiores e em novas usinas.

“A maior parte do crescimento da produção do etanol virá do milho, sem dúvidas, muito em razão do Capex mais baixo de se fazer uma planta de etanol de milho do que etanol de cana-de-açúcar. Para o biocombustível feito a partir da cana, o crescimento virá muito atrelado a ganhos de produtividade”, comenta.

O agronegócio e a indústria automotiva nacional deverão se beneficiar amplamente do Combustível do Futuro, e cerca de R$ 130 bilhões em investimentos já foram anunciados pela indústria automobilística graças ao Mover.

O pacote de medidas ainda amplia o mercado de biocombustíveis já consolidados, como etanol e biodiesel, e deverá incentivar a produção do etanol de milho.

O potencial do biometano entre as commodities verdes

Além do etanol de milho, a Trígono enxerga o biometano como o grande protagonista nos próximos anos, com ganho ambiental e enorme redução de custos.

Quase todo resíduo orgânico, quando se decompõe, passa por um processo de biodigestão que libera biogás. Esse biogás é rico em metano (cerca de 60%), que, por ser de fonte biogênica, é chamado de biometano.

Esse processo também acontece na decomposição de lixo urbano, de dejetos de animais e de resíduos agrícolas (cascas, folhas e galhos, por exemplo). Além de outros processos fermentativos, como na produção de etanol a partir da vinhaça (na proporção de 1 litro de etanol a cada 13 litros de vinhaça).

Segundo a Abiogás, com todo o potencial energético do agronegócio, o Brasil conseguiria substituir 70% do diesel utilizado no país por biometano, considerando que 20% do diesel consumido no Brasil é importado.

A São Martinho conta com um investimento de R$ 250 milhões em biometano, na unidade Santa Cruz, produzindo o biocombustível a partir da biodigestão da vinhaça.

Com isso, a empresa processará 100% dessa vinhaça gerada na unidade e vai produzir 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra. Esse montante tem o potencial de evitar 32 mil toneladas de gases de efeito estufa, o equivalente a 91 mil viagens de caminhão entre São Paulo e Rio de Janeiro

As emissões de gases de efeito estufa e a posição do Brasil na descarbonização

Na resenha, que cita ações que podem se beneficiar do Mover e Combustível do Futuro, a gestora aponta, com base em dados da Climate Watch, que o setor de energia responde por 73% das emissões de gases de efeito estufa no planeta. A agricultura e o campo representam 18,4% do total.

Quanto a emissão de CO2 por país, a China responde por 32,9% do mundo, seguida por EUA (12,6%), Índia (7%), Rússia (5%) e Japão (2,8%).

Os 5 maiores respondem, então, por 60,3% do total do de emissões de GGE do planeta. O Brasil está na 14ª posição, 1,21% do total, abaixo da Turquia (1,25%) e acima da África do Sul (1,05%).

Com uma matriz energética baseada principalmente em fontes hídricas, solar e eólica, o Brasil conta com uma vantagem sobre as principais economias do mundo, movidas a petróleo, gás e carvão.

Em 2023, o consumo de combustíveis veiculares no Brasil atingiu 129,6 bilhões de litros. Desse total, mais da metade (65,5 bilhões de litros, 50,5% do total) são representados pelo diesel.

Gasolina e etanol vêm em seguida, com 62,2 milhões de litros, dos quais 46% são referentes a etanol anidro e hidratado (ante 54% em 2019, percentual recorde naquele ano).

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