As ações que a gestora Forpus Capital tem na carteira, à espera de rali pós-eleição

Casa com R$ 1,5 bilhão sob gestão, a Forpus Capital tem aos poucos adotado exposição ao consumo doméstico, de acordo com Arthur Rizzo, responsável pelo relacionamento com investidores da gestora, e o analista de ações Rafael Cintra.

Eles avaliam que a Bolsa brasileira segue “muito descontada”. “A gente acha que eleição traz fator de incerteza muito alto, que se traduz no atual nível de preço dos ativos”, pondera Cintra ao Money Times. “Saindo eleição, a Bolsa pode ter rali de final de ano”.

Cintra afirma que o Brasil está em uma situação econômica “muito melhor” que a de países desenvolvidos. O analista lembra que a inflação global “de certa forma” favorece a Bolsa brasileira, por conta do grande peso de exportadoras de commodities.

Ele destaca que o ciclo de altas da Selic “parece ter chegado ao fim”. “A gente está em uma vantagem em relação aos outros países, que ainda estão nesse processo de aperto monetário”. Para ele, a dinâmica deveria estar refletida no preço dos ativos no Brasil.

Segundo Cintra, em meio à preocupação global com a inflação no início do ano, a gestora fez uma carteira “bem concentrada” em commodities – metálicas, de energia e frigoríficos. A fatia, disse ele, correspondeu a 50% da carteira, mas foi reduzida para 25% com o aumento do receio de recessão.

Ao escolher pelas ações, a gestora analisa primeiro o cenário macro, depois observa o micro. “A gente tenta pegar esses vetores macro através de exposições setoriais”, disse, acrescentando que a casa está comprada em cinco áreas e vendida em um setor.

A Forpus está vendida em Bolsa americana, via índices, de acordo com o analista. “Acho que segunda pernada de queda da Bolsa estrangeira virá da revisão de estimativas de lucro das empresas”, afirma.

As ações da Forpus hoje

Segundo Cintra, a grande parte das ações de commodities que a Forpus detém são agrícolas. “Países podem fechar fábricas, mas o consumo de alimentos é muito mais resiliente”, afirma.

A casa detém hoje ações da Kepler Weber (KEPL3), Vittia (VITT3), Boa Safra (SOJA3), SLC Agrícola (SLCE3), de acordo com o analista.

Tegma (TGMA3), Vamos (VAMO3), Rumo (RAIL3), de logística e infraestrutura, também estão no portfólio, segundo ele.

Ainda segundo Cintra, a Forpus mantém Vale (VALE3) e CBA (CBAV3) na carteira.

Empresas que prestam serviços públicos) – geradoras, transmissoras de energia e saneamento – correspondem a 20% da carteira, conta o analista, que cita CPFL (CPFE3), Cemig (CMIG3), Alupar (ALUP11) e “um pouco de Sabesp (SBSP3)”. “É uma cesta bem variada”, afirma.

Setor bancário representa 10% da carteira da Forpus, com Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3).

“Uma preocupação que o mercado tinha era com o risco de inadimplência e a qualidade da carteira de crédito”, lembra. “Mas os balanços mais recentes mostraram números acima do mercado”.

Consumo

O analista da Forpus pondera que “não dá para ter convicção” e comprar tudo em consumo doméstico. “O efeito da alta de juros ainda não foi sentido”, destaca.

Segundo ele, a Forpus tem apostado em teses “um pouco mais pontuais”.

Ele cita Hypera (HYPE3), Track & Field (TFCo4), que são empresas com caixa líquido e margens muito acima dos pares, de acordo com o analista.

Cintra destaca Centauro (CNTO3), empresa que, com operação da Nike, diz, está focando em público com um pouco mais de poder aquisitivo. “Se confirmar juros e dólar pra baixo, a empresa pode se beneficiar”, comenta.

O foco da companhia no desenvolvimento da marca estrangeira no Brasil deixou um espaço maior para o segmento em que a Vulcabras (VULC3) atua, de acordo com o gestor – daí a participação da gestora também nessa empresa.

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