As ações do agronegócio no radar dos gringos, segundo o Bank of America
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O Bank of America realizou nas últimas três semanas reuniões com investidores do Brasil, EUA e Reino Unido. Apesar da leve exposição para ações do agronegócio e de alimentos & bebidas da América Latina, os investidores acreditam que há um impulso sólido, valuation atraente e oportunidades de autoajuda.
Entre os nomes mais debatidos, no Brasil, estão: Ambev (ABEV3), JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), SLC Agricola (SLCE3) e Cosan (CSAN3). Os de menor frequência são SQM, Cuervo, Gruma, São Martinho (SMTO3) e Bimbo.
As ações no radar dos investidores
Para a Ambev, os investidores acreditam que o desempenho inferior da ação em 2024 (queda de 4,4% contra alta de 6,92% do Ibovespa) implica um espaço limitado para novos rebaixamentos dos múltiplos (ações negociadas a 11,5x P/L em 25 contra 13,5x em dez/24).
“No entanto, eles não veem gatilhos positivos para as ações, pois a concorrência com a Heineken no Brasil parece ter sido mais acirrada nos últimos meses e não há um suporte macro claro para impulsionar um crescimento significativo do volume de cerveja e/ou aumentos de preços no Brasil. E as pressões de custo estão aumentando, potencialmente impactando a margem”, explicam Isabela Simonato e Fernando Olvera.
- O que está mexendo com as bolsas globais hoje? Confira os destaques do dia no Giro do Mercado desta terça-feira (18):
Apesar de verem um cenário desafiador para carne bovina dos EUA e uma projeção de inflexão de queda para as margens do frango em 2025, principalmente no Brasil, os investidores acreditam que a JBS esteja melhor posicionada que seus pares neste cenário, dada a diversificação do negócio, balanço patrimonial sólido e oportunidade de crescer com fusões & aquisições.
“Além disso, os investidores acreditam que há espaço para uma nova reclassificação se a listagem nos EUA (conforme anunciado anteriormente) for concluída”.
Sobre SLC Agrícola, a projeção dos investidores é que os preços dos grãos no Brasil podem subir. Além disso, o impulso dos lucros para a empresa já é positivo com crescimento do Ebitda acima de 25% em 2025, dado a maior área e melhores rendimentos.
“A ação está sendo negociada a ~3x EV/Ebitda em 2025, o limite inferior da avaliação histórica, apesar do mínimo ciclo de grãos”.
Quanto a Cosan, os investidores acreditam que a desalavancagem depende das taxas, mas também de ações como venda de ativos nas empresas da holding e operacionais, o que pode destravar mais valor do patrimônio. “O risco de execução e a falta de visibilidade sobre o momento continuam sendo obstáculos”.