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As 5+ e 5- do Ibovespa em fevereiro; mês de ajustes e novo foco

28 fev 2018, 19:30 - atualizado em 28 fev 2018, 19:37
Com a desistência da reforma da Previdência, o governo se concentra agora na agenda microeconômica e de segurança no Rio de Janeiro

O mercado de ações do Brasil seguiu em trajetória positiva em fevereiro, mas sem o mesmo ímpeto observado em janeiro. O sobe e desce em Wall Street fruto do receito do mercado quanto ao ritmo de alta do juro americano respingou na B3. Ao mesmo tempo, o cenário político enterrou as chances de reforma da Previdência e direcionou as atenções para as eleições em outubro, ainda recheadas de incertezas. Com isso, o Ibovespa avançou 0,52% no mês, aos 85.353 pontos, acumulando em 2018 valorização de 11,72%.

Na ponta positiva, o desenrolar do processo de privatização da Eletrobras (ELET3) chamou a atenção ao longo das últimas semanas. Há a expectativa de uma repetição da transformação que ocorreu com a Petrobras (PETR4), cuja ação foi uma das mais recomendadas pelos analistas para fevereiro. Além disso, a temporada de resultados corporativos marcou presença no radar dos investidores em meio às evidências de retomada da economia, com inflação comportada.

Veja, abaixo, o que aconteceu com as 5 principais vencedoras e 5 perdedoras do índice:

A Eletrobras continua em foco em meio ao processo de privatização Foto: Caio Coronel/ Itaipu Binacional

Eletrobras: ON (21,17%); PN (18,56%)

As ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) continuam entre os principais destaques da bolsa em meio ao processo de privatização. Apesar de lento, o ritmo das medidas necessárias para a venda da elétrica continua a cada dia e ganhou prioridade na pauta após a desistência da reforma da Previdência. Em fevereiro, destaque para a cisão dos ativos de geração e transmissão pertencentes à subsidiária na Amazônia. Um dos impeditivos é uma uma dívida de R$ 20 bilhões que a elétrica possui com a Petrobras sobre o fornecimento de combustível para a geração de energia no estado. Enquanto isso, a Câmara trabalha em um texto que será apreciado na Casa provavelmente em abril.

Gerdau: GOAU4 (17,24%); GGBR4 (14,71%)

Os ativos da Gerdau (GGBR4) e da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) roubaram a cena neste mês com os investidores respondendo ao bom desempenho do balanço trimestral e com a notícia de aumento da restrição às importações de aço nos EUA. A empresa apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 262 milhões referente ao quarto trimestre de 2017, revertendo o prejuízo de R$ 203 milhões apurado em igual intervalo em 2016. Além disso, o Departamento de Comércio dos EUA definiu que as importações de aço são um risco para a segurança nacional e sugeriu ao presidente Trump que adote medidas para reduzir as compras do material.  A Gerdau tem até 50% das suas receitas vindas dos EUA.

CPFL Energia: + 13,56%

As ações da CPFL Energia (CPFE3) subiram forte neste mês na esteira do crescimento do consumo de energia elétrica no país e também com o processo de fechamento de capital da sua subsidiária CPFL Renováveis (CPRE3). A CVM determinou o aumento do preço proposto pela State Grid na OPA (Oferta Pública de Aquisição de Ações) de R$ 12,20 para R$ 16,69. Com isso, a chinêsa irá precisar desembolsar R$ 1 bilhão a mais do que o previsto anteriormente, para R$ 4 bilhões.

Fibria: + 10,77%

Não é só o preço da celulose em alta que tem motivado a disparada das ações da gigante Fibria (FIBR3). O avanço das conversas sobre uma eventual fusão com a Suzano (SUZB3) animou os investidores. A equipe de análise da Bradesco Corretora estima que uma eventual fusão entre as produtoras de papel poderia gerar algo entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões em sinergias. Tal cifra equivale a 17% do valor de mercado combinado das companhias.

Cemig: + 9,45%

Sensíveis às informações relacionadas à eleição para governador de Minas Gerais, subindo em caso de enfraquecimento da candidatura do petista Fernando Pimentel, as ações da Cemig (CMIG4) se destacaram em fevereiro. Além da questão política, a empresa energética mineira confirmou que está em andamento o processo de venda da participação na Light (LIGT3). O negócio faz parte de um amplo plano de desinvestimentos anunciado pela Cemig para reduzir a dívida líquida. A empresa disse em julho que o programa de venda de ativos pode envolver R$ 8 bilhões.

Problemas no Conselho de Administração têm afetado o desempenho da BRF

BRF (-19,25%)

O prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão em 2017 apresentado pela BRF (BRFS3) foi o estopim de uma onda de desconfiança envolvendo a gigante de alimentos. Em sintonia com a queda das ações na Bolsa, o que se viu no noticiário foi troca de farpas envolvendo o conselho de administração e a diretoria da companhia. Logo após a publicação do balanço, os fundos de pensão Previ e Petros, acionistas da BRF, pediram convocação de assembleias para destituição de todos os membros do conselho.

O presidente do conselho Abilio Diniz convocou a assembleia para a próxima segunda-feira (5). Na visão dele, “introduzir um assunto tão relevante como esse anonimamente, via imprensa, e só depois enviar comunicado formal à empresa não obedece às melhores práticas de governança e transparência”. Simultaneamente, o diretor vice-presidente de operações globais, Hélio Rubens Mendes dos Santos Junior, renunciou ao cargo.

CCR (-19,12%)

As ações da empresa de concessões de rodovias CCR (CCRO3) sofreram o maior tombo dentre os componentes do Ibovespa. A destruição de valor refletiu as notícias de investigação na Lava Jato de esquema de corrupção envolvendo a CCR. A empresa, no entanto, informou que segue “rigorosamente legislações vigentes e normas de conduta previstas no Código de Conduta Ética da Companhia e na Política da Empresa Limpa” e que “não tem relação com qualquer das atividades relacionadas à Lava Jato”. Também em fevereiro, a CCR divulgou seu balanço trimestral, com lucro líquido de R$ 329,1 milhões no quarto trimestre de 2017, quase o dobro em relação ao apresentado um ano antes.

Ecorodovias (-14,75%)

O tombo das ações da CCR respingou nos papéis do setor, inclusive, nos da concorrente Ecorodovias (ECOR3) que vêm de perdas de 7,40% em janeiro. No início de fevereiro, a empresa anunciou a compra da Concessionária de Rodovias de Minas Gerais e Goiás (MGO Rodovias) por R$ 600 milhões. Em 2013, a MGO venceu um leilão de concessão para administrar trecho de 437 quilômetros de estradas nos Estados de Goiás e Minas Gerais. Além disso, a Ecorodovias venceu o leilão do lote rodoviário de trechos da BR-135, MG-231 e LMG-754, em um total de 363,95 quilômetros. A concessionária fez uma oferta pela outorga de R$ 2,06 bilhões.

Pão de Açúcar: (-12,76%)

Os investidores reagiram negativamente aos resultados da rede de supermercados do grupo Pão de Açúcar (PCAR4). Apesar de reverter o prejuízo de 2016, os números vieram pouco abaixo do esperado pelo mercado, pressionando as ações na Bolsa. A empresa divulgou um lucro líquido de R$ 408 milhões no quarto trimestre de 2017, após ter sofrido prejuízo de R$ 29 milhões na mesma etapa no ano anterior. Depois da publicação dos balanços, o grupo anunciou a troca da presidência de sua divisão de eletrodomésticos e móveis Via Varejo (VVAR11) e da rede de supermercados. Flavio Dias irá assumir o cargo de diretor-presidente da Via Varejo no lugar de Peter Paul Estermann, que irá se tornar diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar.

Marfrig: (-12,08%)

Com a JBS (JBSS3) mais forte e de volta ao jogo, os analistas acreditam que a Marfrig (MRFG3) pode sentir essa recuperação mais rápida do abate da concorrente. Em relatório recente, o Itaú BBA avaliou que a dívida líquida da empresa está mais elevada do que o esperado. A recomendação foi cortada para abaixo da média do mercado e o preço-alvo reduzido de R$ 8 para R$ 7. O balanço de 2017 do frigorífico será apresentado no próximo dia 27.

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