Política

Arthur do Val diz que áudio sobre ucranianas foi “erro em momento de empolgação”

05 mar 2022, 9:40 - atualizado em 05 mar 2022, 10:11
O deputado admitiu a veracidade dos áudios e disse que cometeu um erro (Reprodução do vídeo de Fábio Vieira/Metrópoles)

O deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) chegou ao Brasil na manhã deste sábado (5) após viagem à Ucrânia e comentou os áudios divulgados na noite de ontem (4) pelo site Metrópoles e atribuídos a ele.

No conteúdo obtido pela coluna do jornalista Igor Gadelha, o deputado falava com os amigos sobre as mulheres ucranianas, hoje refugiadas de guerra por conta da invasão russa. Do Val chegou a dizer que elas seriam “fáceis por ser pobres”.

“E detalhe: elas olham. E vou te dizer: são fáceis, porque elas são pobres. E aqui, cara, a minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Funciona demais. Depois eu conto a história. Não peguei ninguém. Mas eu ‘colei’ em duas ‘minas’, que a gente não tinha tempo, em dois grupos de ‘minas’”.

“E, assim, é inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo se você dá bom dia elas iam cuspir na tua cara. E aqui elas são supersimpáticas, super gente boa. É inacreditável.”

“Acabei de cruzar a fronteira a pé aqui da Ucrânia com a Eslováquia. Maluco, eu juro… eu, nunca, na minha vida… ó, eu tenho 35 anos. Eu nunca na minha vida, nunca, vi nada parecido assim em termos de ‘mina’ bonita. Assim, a fila das refugiadas, irmão, assim… imagina uma fila, sei lá, nem sei… tô sem palavras”.

“Uma fila de 200 metros ou mais. Só deusa, assim, só deusa. É sem noção, é inacreditável. É um bagulho assim fora de série. Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, a melhor, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila dos refugiados aqui. Maluco, eu ‘tô’ mal, eu ‘tô’ triste, porque é inacreditável”, diz em outra mensagem.

Do Val viajou para o país para, supostamente, auxiliar na resistência da Ucrânia contra a Rússia.

“Nunca imaginei que um dia nessa vida ainda faria Coquetéis Molotov para o exército Ucraniano”, publicou o deputado em suas redes sociais (Instagram/Reprodução)

O deputado fez seu primeiro pronunciamento ao chegar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde ele era esperado por jornalistas.

Ele confirmou a veracidade dos áudios, mas se defendeu das acusações de ter ido à viagem em busca de turismo sexual, já que os contextos “seriam diferentes”. Ele afirmou “foi um erro e que não pensa desta forma”.

“Eu fui para fazer uma coisa, mandei um áudio infeliz e a impressão que passou é que eu fui fazer outra coisa. Se as pessoas quiserem me julgar pelo áudio, acho que as pessoas têm esse direito. Só peço que as pessoas entendam o contexto, são dois contextos diferentes. Uma coisa é o Arthur que foi lá [Ucrânia] fazer a missão que fez e saiu. A outra coisa é o Arthur que já tinha saído e mandou um áudio num grupo privado com os amigos dele de forma errada, descabida, não foi a melhor das posturas, é nítido aquilo. Mas é um áudio privado”.

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Reações

O áudio causou reação imediata do partido, que divulgou uma nota de repúdio à postura do deputado. A legenda ainda disse que instaurou um procedimento disciplinar para apuração dos fatos.

“Gravíssimas e inaceitáveis são as declarações do deputado estadual Arthur do Val, que foram divulgadas na imprensa. Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra”.

O Podemos Mulher também encaminhou uma nota, dizendo que “reitera a indignação da nota oficial do Podemos Nacional. E considera inaceitável a violação humanitária cometida pelo deputado estadual Arthur do Val, que vai muito além do desrespeito às mulheres de todas as nacionalidades”.

Um dos principais pronunciamentos de ontem foi o do pré-candidato à presidência da República, Sergio Moro (Podemos). Isso porque Do Val era, até então, o candidato apoiado pelo ex-juiz para o governo do Estado de São Paulo nas eleições deste ano.

“Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento”, disse Moro.

O presidente da Alesp, deputado Carlão Pignatari (PSDB-SP), afirmou que a conduta de Arthur do Val será investigada.