Agronegócio

Arroz gaúcho: concentração produtiva em nova safra, com México renovando cota

16 jan 2020, 13:13 - atualizado em 16 jan 2020, 13:54
Produção gaúcha de arroz, a maior do País, deve ser igual à safra passada (Pixabay)

No momento no qual o arroz gaúcho experimenta uma concentração produtiva, em área e em número de propriedades, às portas da nova safra o setor deverá ter renovada a cota oferecida pelo cobiçado mercado do México. A notícia chegou hoje (16) da embaixada brasileira e ajudará a consolidar mais as exportações de um produto que até há bem pouco mal saía do País.

Junto com esse corredor de novas 150 mil toneladas em cota livre de taxas – em 2019, a liberação mexicana ocorreu em setembro e só houve tempo para embarques de 125/t -, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, espera um valor melhor para os produtores.

O estado é o principal produtor nacional, em 935 mil hectares, perdendo mais de 260 mil desde 2017.

Oferta mais enxuta com a exportações mais robustas acima das 1,4 milhão/t de 2019, para 114 países, livrará um pouco o mercado interno do excesso. E o arroz em casca, apesar de valer menos que o beneficiado, puxa o mercado interno porque força as arrozeiras a ofertarem valores maiores.

A crise do setor no estado, com sucessivas quebras por clima e preços baixos, exigiria uma recuperação, a partir da próxima safra com início em fevereiro, no mínimo pouco acima de R$ 50,00 a saca. Os custos, segundo o produtor, estão em torno dos R$ 45,00.

O resultado desse cenário, que levou a uma queda de braço também com bancos – refratários às renegociações das dívidas – foi a saída de cena de aproximadamente quatro mil produtores, deixando a base produtiva gaúcha em oito mil nos últimos três anos. Ou saíram para outros negócios, soja (não na rotação) ou venderam terras para outros.

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Safra

“Temos hoje uma área média produtiva de 160 hectares por propriedade, sendo que já foi de 120”, explica Velho.

Dessas áreas que somam mais de 900 mil hectares, da metade Sul para baixo, com o empurrão dos 30% que vem da fronteira Oeste do estado, que deverão sair as cerca de 7,5 milhões/t, volume parelho com o da última safra, admite o presidente da Federarroz. O Brasil todo poderá chegar a 10,5 milhões/t.

Alexandre Velho volta à variável exportações porque o futuro da recuperação dos arrozeiros deverá por ela. E ao caso mexicano pode-se fazer link com os Estados Unidos.

O México importa quase 900 mil toneladas anuais, maior parte o arroz híbrido americano, “sem a qualidade do nosso ‘agulhinha’ e tipo 1”, informa Velho, lembrando que a cota aberta ao Brasil pode ser preenchida tranquilamente, diante da queda da produção do maior fornecedor. Por sinal, os Estados Unidos podem ter que importar mais do Brasil também, porque precisa cumprir os contratos de exportação uma vez que tem consumo interno que mal dá traço.

Com esses cartões de visita, concorrendo em preços de US$ 515/525,00 a tonelada, em torno de US$ 100,00 sobre o produto asiático, ajudará a dar fidelidade e abertura de novos mercados. E como frisou anteriormente o presidente da entidade gaúcha de rizicultores, ajustando para cima os valores praticados internamente.