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Boi: arroba deve encerrar 2025 entre R$ 360 – 370, mas isso não garante melhores margens ao produtor; veja

06 jan 2025, 16:37 - atualizado em 06 jan 2025, 16:37
boi arroba (1)
(iStock.com/Erich Sacco)

A expectativa da Safras & Mercado é de que a arroba do boi gordo encerre 2025 entre R$ 360 – 370, um acréscimo de até 14,96% com base no indicador Cepea/B3 do animal até a última sexta-feira (3), em R$ 321,85. O movimento de alta nos preços se dá em meio a inversão do ciclo pecuário.

Após um ano de recorde para os abates e exportações de proteínas como carne bovina, suína e de frango, refletindo o aumento da demanda internacional. Para 2025, o mercado de carnes deve seguir centrado nos embarques internacionais, principalmente devido ao câmbio favorável.

O aumento nos preços da arroba do boi, que variou entre R$ 250 a R$ 350 por arroba, foi um reflexo da força das exportações, já que o mercado interno, devido ao baixo poder aquisitivo da população brasileira, não gerou uma demanda tão forte.

“Para 2025, o cenário será marcado pela redução na oferta de carne bovina, devido ao ciclo pecuário de inversão no Brasil. O abate de fêmeas deve diminuir e isso resultará em um mercado mais restrito de carne bovina, o que fará com que a população recorra a proteínas mais acessíveis, como a carne de frango e suína”, explica Fernando Iglesias, analista de proteínas na Safras.

Por que a alta da arroba do boi não deve garantir melhores margens?

Apesar desse aumento esperado para a arroba, Iglesias explica que as margens do pecuarista podem não ser maiores que a do ano passado, já que os custos de reposição das categorias mais jovens de gado também devem subir, impactando as margens do produtor.

“A elevação no preço das categorias jovens, que já é uma tendência, vai resultar em custos mais altos para os pecuaristas. Portanto, embora os preços subam, as margens podem não acompanhar esse crescimento devido ao aumento do custo de reposição”, vê.

O analista aponta que a China deve manter sua demanda por carne bovina brasileira em 2025, já que o Brasil é mais competitivo que seus concorrentes internacionais, como os EUA, União Europeia e Austrália.

“Além disso, o relacionamento geopolítico entre Brasil e China pode favorecer ainda mais o comércio, especialmente se houver tensões entre a China e os países ocidentais. No entanto, o Brasil deve monitorar a investigação chinesa sobre as exportações de carne bovina, que pode ter impactos no preço pago por esse país, embora isso seja mais relevante para o final de 2025″. 

Frango e suínos devem ver novos recordes

Neste ano, a produção de carne de frango e suínos deve ser novamente recorde, com o cenário externo e interno favorecendo essas proteínas. A exportação brasileira continua a ser um fator crucial, com as perspectivas de vendas internacionais muito boas.

Iglesias comenta que o consumo dessas proteínas deve crescer pela menor oferta de carne bovina no mercado doméstico, o que contribuirá para uma possível elevação dos preços dessas proteínas.

Os frigoríficos enfrentam um cenário desafiador com custos mais altos, especialmente devido ao ciclo pecuário e ao aumento dos custos de produção.

No entanto, as perspectivas para as carnes de frango e suína são positivas, com o Brasil mantendo uma posição forte nas exportações desses produtos.

“A produção de carne suína e frango deve continuar a crescer, com o Brasil consolidando sua posição como um dos maiores exportadores globais dessas proteínas. O setor de frango, que já representa mais de 30% do comércio global de carne de frango, também continua com boas perspectivas para 2025”. 

O que preocupa para 2025?

O analista comenta que os custos de nutrição animal são uma preocupação para 2025, especialmente para milho e soja.

O mercado de soja espera uma safra recorde em 2025, o que pode aliviar os custos de ração. O milho, por sua vez, deve ter um fornecimento mais apertado até a safra de milho safrinha no segundo semestre.

“O mercado de milho é um ponto de atenção para o custo das proteínas de frango e suína, enquanto o cenário favorável para a soja pode contribuir para custos mais baixos para os frigoríficos, especialmente no que diz respeito ao farelo de soja. O principal ponto de atenção para o ano de 2025 é a investigação da China sobre as exportações de carne bovina. Esse fator pode afetar as exportações e, consequentemente, os preços pagos ao Brasil, além do fluxo de exportações”, diz. 

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.