Armazenamento gratuito nos serviços Google está chegando ao fim
O Google atraiu bilhões de consumidores para seus serviços digitais, oferecendo quantidades imensas de armazenamento em nuvem sem custo. Isso começa a mudar.
A unidade da Alphabet reduziu as opções de armazenamento gratuito nos últimos meses, enquanto empurra mais usuários para um novo serviço em nuvem por assinatura chamado Google One. A iniciativa vem em um momento em que a quantidade de dados que as pessoas armazenam online continua crescendo.
Quando atingem limites, os usuários percebem que começam a pagar ou correm risco de perder acesso a emails, fotos e documentos pessoais. O custo não é alto para a maioria dos consumidores, mas na escala em que o Google opera, o faturamento adicional pode chegar a bilhões de dólares todo ano.
O Google não respondeu a um e-mail da reportagem solicitando comentário.
Um grande impulsionador da mudança é o Gmail. O Google abalou o segmento de e-mail quando o Gmail foi lançado em 2004, com muito mais armazenamento gratuito do que os rivais ofereciam na época. A empresa costumava elevar limites de armazenamento a cada dois anos, mas parou de fazer isso em 2013.
As caixas de entrada foram se enchendo. E agora que algumas opções de armazenamento gratuito estão encolhendo, consumidores estão se deparando com surpresas desagradáveis.
“Eu estava usando alegremente a conta quando notei que não havia recebido nenhum e-mail desde o dia anterior”, lembra Rod Adams, analista de energia nuclear e oficial de reserva da Marinha americana. Usando o Gmail desde 2006, ele finalmente atingiu o limite de 15 GB e foi barrado pelo Google. Migrar do Gmail não era alternativa fácil porque muitos de seus relacionamentos pessoais e profissionais entram em contato com ele desta maneira.
“Eu aceitei. Foi grátis por um longo período e agora vou pagar”, disse Adams.
Outros clientes do Gmail não se resignaram. “Sinto uma tristeza descomunal após usar quase todo armazenamento grátis do Google. Parecia infinito. Por favor, não me obriguem a pagar! Eu preciso do Gmail e do Googledocs!”, escreveu um usuário no Twitter em setembro.
O Google recebeu outras mensagens no Twitter de pessoas em pânico nos últimos meses, quando começaram a chegar os avisos sobre limites de armazenamento.
O Google também encerrou ou restringiu recentemente promoções que davam armazenamento em nuvem gratuito e ajudavam a evitar crises com o Gmail. Compradores de laptops Chromebook costumavam receber 100 GB sem custo por dois anos. Em maio de 2019, o oferecimento foi reduzido para um ano.
O smartphone Pixel do Google, lançado em 2016, vinha com armazenamento gratuito e ilimitado no serviço Fotos. O aparelho Pixel 4, lançado este mês, ainda tem armazenamento de fotos gratuito, mas as imagens são compactadas, reduzindo sua qualidade.
Em apenas uma semana, mais de 11.500 pessoas assinaram uma petição online para trazer de volta a proposta completa. Evgeny Rezunenko, organizador da petição, descreveu a mudança como uma “decisão hipócrita para ganhar dinheiro”.
Os smartphones aumentaram drasticamente o número de fotos que as pessoas tiram. Em 2017, foi feita uma estimativa de 1,2 trilhão. Essas imagens ocupam a memória dos aparelhos, então empresas de tecnologia como Apple, Amazon.com e Google oferecem a alternativa do armazenamento em nuvem. Agora que as imagens online se acumulam, algumas companhias cobram pela manutenção.
A Apple faz isso há anos e transformou seu serviço iCloud em fonte de receita recorrente.
Em maio, o Google lançou o Google One para substituir o serviço de armazenamento em nuvem Drive. Há um nível gratuito de 15 GB — o suficiente para cerca de 5.000 fotos, dependendo da resolução. A partir disso, o custo mensal é US$ 1,99 por 100 GB e valores maiores para mais armazenamento. A assinatura abrange vários tipos de arquivos guardados anteriormente no Google Drive, além de Gmail, fotos e vídeos.