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Aria Capital alega falta de pagamento do São Bernardo Saúde em venda para a Athena

28 abr 2021, 14:38 - atualizado em 28 abr 2021, 14:42
Aria Capital
A Aria afirmou que, por contrato, teria direito a 3,5% do valor da aquisição, fechado na época em R$ 241 milhões (Imagem: Divulgação/Aria Capital)

A Aria Capital, boutique financeira e gestora de recursos especializada em operações de M&As (fusões e aquisições) de empresas do segmento de médias empresas, pretende entrar com uma ação de execução de título extrajudicial contra o São Bernardo Saúde nessa semana.

A empresa alega que foi contratada pelo grupo de saúde em junho de 2015 com o objetivo de achar um potencial investidor e acabou não recebendo o valor acordado pelos seus serviços depois que a companhia acertou um acordo com a Athena Saúde, investida pelo Pátria Investimentos.

O São Bernardo é um grupo de saúde verticalizado do Espírito Santo. A empresa possui um hospital que conta com 89 leitos – sendo 29 de unidade de terapia intensiva (UTI); nove centros médicos – sendo três de pronto atendimento; e uma carteira de aproximadamente 83,9 mil beneficiários (89% são de planos coletivos e 11% individuais).

Segundo José Carlos Osorio, sócio da Aria, a gestora realizou todo o processo de avaliação e identificação no mercado para encontrar um possível investidor ao São Bernardo. O Pátria foi apresentado pela Aria como um dos três nomes interessados em investir no grupo, dando início às negociações.

De acordo com Osorio, o Pátria ofereceu, a princípio, um valor pouco atrativo pela aquisição do São Bernardo, e por isso o grupo decidiu interromper o processo de investimento. A Aria teria mantido contato com o Pátria na tentativa de chegar a um novo acordo. Em julho de 2018, o São Bernardo teria deixado de responder a Aria.

Osorio disse que a gestora tomou conhecimento da aquisição do São Bernardo pela Athena por meio da mídia. Desde então, a Aria tem tentado entrar em contato com as partes envolvidas no acordo, inclusive com o fundador e ex-controlador do São Bernardo, mas sem sucesso.

A Aria enviou a primeira notificação extrajudicial no fim de 2018. Novamente sem resposta, a gestora despachou uma nova notificação em 2019.

“Nós não tivemos acesso a nenhum valor da transação. Diante desse fato, só nos restou, em junho de 2019, fazer outra notificação contra o São Bernardo e a Athena”, afirmou Osorio para o Money Times.

Agora, a Aria resolveu entrar com uma ação extrajudicial contra o São Bernardo, pedindo o bloqueio das contas do grupo. A empresa afirmou que, por contrato, teria direito a 3,5% do valor da aquisição, fechado na época em R$ 241 milhões. Corrigindo os valores para os dias atuais, o montante a que a gestora teria direito seria de R$ 18 milhões.

“Acho importante falar no momento que a gente tenta criar um ambiente saudável de negócios no país”, disse Osorio. “Vamos protocolar em breve uma nova ação de título extrajudicial para cobrar o que nos devem”.

O Money Times entrou em contato com o São Bernardo, que afirmou que a exigência do pagamento do valor é injustificada, visto que a aquisição dos ativos do grupo pela Athena ainda não foi concluída (está em fase de aprovação final pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade).

O São Bernardo também não entende que foi intermediado pela Aria na transação. Dos serviços prestados pela gestora antes do acordo de aquisição pela Athena, o grupo ressaltou que pagou todo o valor a que a gestora tinha direito.

A empresa ainda rebateu as afirmações sobre ter ignorado a Aria. O São Bernardo afirmou que conversou com a gestora diversas vezes para resolver a situação, mas ambas as partes não chegaram ao consenso.

IPO da Athena

A Athena iniciará o período de reserva a pequenos investidores nesta quinta-feira (Imagem: Grupo de saúde Athena/LinkedIn)

A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da Athena está prevista para acontecer em maio.

A companhia divulgou na semana passada a faixa indicativa de preço da operação, entre R$ 18,35 e R$ 23,12. Considerando o preço médio da faixa indicativa, de R$ 20,74, a Athena pode levantar até R$ 2,38 bilhões em recursos líquidos.

No prospecto, a Athena disse que a aquisição do São Bernardo foi aprovada com restrições pelo Cade em 17 de junho de 2020 e aprovada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 24 de novembro do mesmo ano.

A Athena e o São Bernardo concordaram em desinvestir de parte de suas carteiras de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares coletivos empresariais de determinados municípios do Espírito Santo para a Mais Saúde, empresa concorrente. A proposta de desinvestimento ainda aguarda a aprovação pelo Cade.

A Athena avaliou o São Bernardo em R$ 451 milhões. Do valor da aquisição, a companhia já desembolsou antecipadamente R$ 60,4 milhões.

A Athena iniciará o período de reserva a pequenos investidores nesta quinta-feira.