Argentinos votam em teste de fogo para peronistas
Os argentinos fizeram fila neste domingo para votar nas primárias legislativas que representam um teste decisivo para o governo peronista de centro-esquerda do presidente Alberto Fernández, já que a pandemia da Covid-19 e o aumento da pobreza enfraqueceram sua popularidade.
As urnas em todo o país sul-americano abriram às 8h da manhã e fecharão às 18h, com os resultados oficiais saindo por volta das 23h. Os analistas acreditam que o partido no poder deve sofrer algumas baixas.
Com a maioria dos candidatos já definida, a votação é, na verdade, um grande teste antes do pleito legislativo de 14 de novembro, quando 127 cadeiras de um total de 257 da Câmara dos Deputados estarão em disputa, bem como 24 cadeiras de 72 do Senado.
“O equilíbrio de poder pode ser redefinido”, disse Shila Vilker, diretora do instituto de pesquisas Trespuntozero, acrescentando que o principal partido conservador da oposição, Juntos pela Mudança, está batendo à porta. “O presidente precisa desempenhar bem.”
As pesquisas pré-eleitorais mostram uma ameaça à maioria do partido de Fernández no Senado e seu domínio sobre o maior bloco da Câmara, onde mantém uma pequena vantagem sobre o principal partido da oposição.
Muitos eleitores se sentem decepcionados com os principais partidos políticos. Uma recessão prolongada, a inflação galopante e uma taxa de pobreza que subiu para 42% prejudicaram o apoio público ao governo, apesar dos sinais recentes de recuperação econômica e redução dos casos de coronavírus.
“Há um grande descontentamento entre as pessoas”, disse Patricia Coscarello, uma funcionária administrativa de 52 anos que mora nos arredores de Buenos Aires, depois de votar. “Além da pandemia, a situação econômica é complexa e os salários estão encolhendo.”
Vacinação
O presidente Fernández pode afirmar que o programa de imunização já chegou a mais de 46 milhões de vacinas para atender a uma população de tamanho semelhante, diminuindo os casos diários de Covid-19, e que a economia vem emergindo da recessão no início deste ano, após uma forte queda em 2020.
“Embora haja muitas coisas a melhorar, a alternativa que prevalecia antes (Juntos pela Mudança) piorou tudo”, disse Griselda Picone, 60 anos, dona de casa na capital. Ela votou no partido de Fernández, apesar das preocupações.
“Me parece que o manejo da economia durante a pandemia foi realmente bom.”
Os nervosos mercados financeiros do país, que entraram em colapso depois que as primárias presidenciais em 2019 mostraram Fernández vencendo a eleição daquele de maneira esmagadora, podem subir se a votação deste domingo for favorável à oposição.