Saúde

Argentina supera 100 mil mortes por Covid-19 em meio a crise econômica

14 jul 2021, 19:09 - atualizado em 14 jul 2021, 19:09
A Argentina, país com cerca de 45 milhões de pessoas, aplicou 25,7 milhões de doses de vacina (Imagem: Esteban Collazo/Presidência Argentina/Divulgação via REUTERS)

No cemitério de São Vicente, na cidade de Córdoba, na Argentina, Sandra del Valle Pereyra, de 50 anos, visita os túmulos dos seus pais que morreram de Covid-19, na pandemia que arrebentou a nação sul-americana.

“Fiquei sozinha”, disse Valle Pereyra à Reuters, dizendo que ela e seus irmãos estão isolados um dos outros para evitar o contágio. “Primeiro minha mãe morreu, depois meu pai. Eu não sei mais o que sentir em relação a esta terrível doença”.

A Argentina tem sido um dos países mais atingidos na região em termos de casos e mortes per capita, com 4,7 milhões de infecções e um total de mortes pela pandemia que ultrapassou os 100 mil nesta quarta-feira.

A média de casos diários caiu desde o pico do mês passado e a taxa de ocupação de leitos de UTI também está baixando, embora ainda supere 60% nacionalmente.

“Cada vida que se foi é um grande pesar para mim”, disse o presidente Alberto Fernández em um discurso semana passada. “Eu garanto que não vamos parar nestes meses de vacinar cada argentino e cada argentina”.

Enquanto países desenvolvidos como os Estados Unidos reduziram as mortes com rápidos programas de imunização, outros na América do Sul lideram os rankings de mortes e casos diários per capita, com a distribuição de vacina empacada pelo baixo fornecimento.

A Argentina, país com cerca de 45 milhões de pessoas, aplicou 25,7 milhões de doses de vacina, embora apenas 5 milhões tenham recebido as duas doses, majoritariamente da russa Sputnik V, da AstraZeneca e da Sinopharm, da China.

A distribuição de vacinas está despertando a esperança de que o país conseguirá controlar a pandemia, mas a variante Delta mais perigosa está provocando disparadas de casos até em países com taxas altas de vacinação, como Israel, o que os faz repensar suas campanhas.

A pandemia intensifica uma crise econômica já em curso na Argentina, que está essencialmente presa em uma recessão desde 2018, com inflação galopante, controles de capital rígidos e uma moeda fraca que provoca uma fuga de dólares.

“Não é só a pandemia nos afogando neste país. Também existe uma crise econômica enorme”, disse Gastón Rusichi, de 34, que integra uma equipe de bombeiros de Córdoba encarregada de transferir os mortos durante a pandemia.