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Argentina pode ser laboratório para a internacionalização do yuan

15 out 2021, 11:59 - atualizado em 15 out 2021, 12:03
Rio Paraná, próximo ao Rosário, na Argentina
Comércio exterior argentino com China cada vez mais atrelado ao yuan (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Depois de vários swaps cambiais nos quais a China desafogava as baixas reservas em dólares da Argentina, o governo de Alberto Fernández intensificou suas relações com Pequim permitindo que as transações comerciais fossem feitas em yuans. Isso em outubro de 2020.

Não há dados informados do Banco Central argentino, mas é bem provável que a maior parte do intercâmbio bilateral entre ambos, de US$ 10,2 bilhões de janeiro a julho, foi feita com esta divisa.

No momento em que se discute a participação da moeda chinesa no plano global – na verdade, o renminbi, embora o yuan (unidade de conta) seja o nome usado internacionalmente -, como repercutiu Money Times, o vizinho do Mercosul pode se tornar um laboratório.

Para um país acostumado a usar o dólar como reserva de valor, em décadas de crises sistêmicas, não se espera que os argentinos façam o mesmo com a divisa chinesa, até porque não há liquidez dessa moeda em circulação, mas as transações correntes é um teste para a internacionalização do yuan pelo menos com países em crise.

Como sustenta Michel Alaby, consultor em relações internacionais, a Argentina precisa desse instrumento para segurar suas pequenas reservas cambiais frente a um déficit comercial com a China em crescimento constante.

E a China, por sua vez, tem na Argentina uma reserva de mercado, conclui.

As exportações da Argentina à China, de janeiro a julho, atingiram US$ 3,353 bilhões, quando se destacam grãos e carnes, principalmente. As importações somaram US$ 6,916 bilhões.

Pelas informações recolhidas pelo CEO da Alaby & Associados, a peculiaridade do acordo sino-argentino é que o saldo comercial seja liquidado em dólar. Portanto, os US$ 3,6 bilhões desse período a China liquida na divisa americana.

Em 2020, a China representou em torno de US$ 10 bilhões do total de exportações argentinas (US$ 54 bilhões) e cerca de 20% dos US$ 42 bilhões em importações.

Embora esteja pouco atrás do intercâmbio com o Brasil, principal parceiro, Pequim está se constituindo rapidamente para se tornar o primeiro, uma vez que mais que quintuplicou o fluxo comercial desde 2003.

Além disso, a presença da China, com sua moeda, avança para financiamento de projetos argentinos e de investimentos maciços no país.

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