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Argentina irá ‘desencorajar’ uso de criptomoedas como parte do acordo com FMI

18 mar 2022, 12:43 - atualizado em 18 mar 2022, 12:43
Argentina
O novo acordo da Argentina com o FMI foi aprovado ontem (17) pelo Senado do país (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)

O governo da Argentina irá desencorajar o uso de criptomoedas como parte do acordo aprovado, com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para a reestruturação de US$ 45 bilhões em débito.

A proposta deixa a indústria cripto no país em questionamento sobre o que essa política pode significar.

Em um memorando que delineia as políticas financeiras sob o acordo de débito, o governo da Argentina apresenta uma estrutura com objetivos para este ano até 2024. Estes focam em políticas governamentais que ajudam no crescimento e na resiliência do país.

No dia 3 de março, o FMI anunciou que havia feito um acordo com as autoridades do país, mas diversos portais de notícias do país notaram um parágrafo que aponta as criptomoedas, em um esboço do documento, vazado dias antes.

No tópico “Fortalecendo a resiliência financeira”, o documento publicado pelo FMI indica que “para salvaguardar a estabilidade financeira, estamos tomando passos importantes para (i) desencorajar o uso de criptomoedas, com uma perspectiva para prevenir lavagem de dinheiro, informalidade e desintermediação; (ii) maior suporte ao atual processo de digitalização de pagamentos, para melhorar a eficiência e custos de sistemas de pagamentos e gerenciamento de dinheiro; e (iii) salvaguardar a proteção financeira do consumidor”.

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com novas regras antilavagem de dinheiro

Empresas e organizações de criptomoedas no país ainda estão tentando compreender o potencial impacto do que “desencorajar as criptomoedas” pode significar.

A alta inflação na Argentina e os controles sobre moeda estrangeira contribuíram para o interesse local em criptomoedas nos últimos anos, tornando a capital Buenos Aires um polo para startups e inovação em blockchain.

O mais recente índice de Adoção Global de Crypto, da Chainalysis, aponta a Argentina como o 10º país que mais usa criptomoedas.

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O que diz a comunidade cripto na Argentina

“Estamos convencidos de que o [melhor] caminho não é desencorajar nem proibir, mas, sim, trabalhar de modo coordenado com os setores público e privado para aproveitar o potencial das finanças descentralizadas (DeFi), disse o diretor executivo da ONG Bitcoin Argentina, Javier Madariaga, em uma publicação em blog.

“Nos preocupa que as autoridades estejam concordando com o desincentivo de uma tecnologia que a população já adotou em massa, ao invés de liberar seu potencial [dessa tecnologia] para solucionar problemas históricos”, acrescentou.

O Senado da Argentina aprovou, com a maioria dos votos, o acordo de débito com o FMI, ontem (17) à noite. O acordo já havia recebido aprovação da câmara baixa do legislativo no dia 11 de março. Agora, o comitê executivo do FMI deve discutir e aprovar o acordo.