Economia

Argentina estende a 24 de julho prazo para reestruturação da dívida

19 jun 2020, 19:49 - atualizado em 19 jun 2020, 19:49
Fachada do banco central da Argentina
O atraso dá espaço para que os dois lados aliviem tensões e diminuam a divisão restante depois de terem feito progresso significativo nos últimos meses (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

A Argentina prorrogará o prazo para negociações de reestruturação da dívida de 65 bilhões de dólares em mais de um mês, informou o Ministério da Economia do país nesta sexta-feira, depois que as conversas com os credores sofreram abalo nesta semana.

A extensão para 24 de julho ocorre em meio a um impasse entre credores e o governo, com um grupo de detentores de títulos classificando as negociações nesta semana como um “fracasso”.

A Reuters havia noticiado que o prazo de Minisexta-feira seria adiado.

O atraso dá espaço para que os dois lados aliviem tensões e diminuam a divisão restante depois de terem feito progresso significativo nos últimos meses.

A Argentina –grande produtor de grãos que em maio deixou de honrar compromissos de dívida pela nona vez– melhorou duas vezes a proposta de renovar sua dívida externa. Um acordo é fundamental para evitar um longo e confuso impasse legal.

“Vamos nos recompor e vamos chegar a um acordo”, disse o presidente peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, que assumiu o cargo em dezembro passado, em transmissão de rádio nesta sexta-feira, acrescentando estar “confiante” que um acordo poderia ser alcançado.

Grupos de credores estão exigindo que a Argentina melhore ainda mais a oferta, enquanto a posição do governo é que não pode ceder terreno depois de aumentar sua proposta para cerca de 50 centavos por dólar, além de um afago inicial vinculado à exportação.

Apesar das tensões, os dois lados devem conseguir chegar a um acordo, disseram analistas.

“Embora tivesse sido melhor que as negociações continuassem com declarações mais construtivas, não é a primeira vez que a reestruturação parece estar em um impasse”, disse o Morgan Stanley em nota.

O banco afirmou que, com um rendimento de saída de 10%, a oferta do governo valia cerca de 49,7 centavos, enquanto a contraproposta mais agressiva de dois grupos, incluindo nomes como BlackRock, Fidelity e AllianceBernstein, era de cerca de 57 centavos.

“Com menos de 8 pontos de diferença, não beneficiaria a nenhum dos lados romper completamente com as negociações”, disse o banco de investimentos, acrescentando que segue com sua visão de que um acordo será alcançado no terceiro trimestre do ano.

O Goldman Sachs disse que, embora os riscos tenham aumentado, os dois lados podem finalmente encontrar uma maneira de preencher uma lacuna calculada em 5 centavos e “evitar um default desordenado e controverso”.

Os preços dos títulos do país negociados no mercado de balcão subiram, em média, 1,2% nesta sexta-feira, depois de perderem terreno no dia anterior.